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Moçambique “escancara” espaço aéreo com adesão ao Mercado Único de Transporte Aéreo Africano

Moçambique “escancara” espaço aéreo com adesão ao Mercado Único de Transporte Aéreo Africano

Moçambique é um dos 23 países que desde o passado dia 28 abriu o seu espaço aéreo a voos regionais com a adesão ao Mercado Único de Transporte Aéreo Africano. Além de deixar de ser necessário ir a Europa ou ao Médio Oriente para viajar entre países africanos, os preços dessas viagens deverão tornar-se mais acessíveis segundo o PCA do Instituto de Aviação Civil de Moçambique (IACM) que acredita ser possível obter outros benefícios económicos e desafia ao sector privado a “assumir o seu papel, deixar de ter agência de viagens e passar a ser operador turístico”.

Viajar no continente africano poderá deixar de ser o transtorno de longas horas de avião, em muitos casos com necessidade de fazer ligação em outro continente, e com passagens aéreas caríssimas em resultado de uma das poucas decisões dignas de registo da última Cimeira da União Africana: o lançamento do Mercado Único de Transporte Aéreo Africano (SAATM no acrónimo em inglês).

“O espaço aberto doméstico já estava aberto mas Moçambique foi mais além, abriu inclusive para pertencer ao grupo dos 23 (países que aderiram à iniciativa, dos 55 existentes em África) neste momento” afirma o Presidente do Conselho de Administração(PCA) do IACM, referindo-se a este acordo para liberalizar o direito de transportar passageiros, carga e correio entre o nosso país e a África do Sul, Botswana, Zimbabwe, Suazilândia, Ruanda, Quénia, Etiópia, Congo, Gabão, Benin, Togo, Costa do Marfim, Gana, Nigéria, Burkina Faso, Serra Leoa, Cabo Verde, Libéria, Guiné, Mali, Níger e Egipto.

Embora para a maioria dos moçambicanos o desejo seja viajar dentro do nosso país a preços mais baratos – algo que poderá começar acontecer nos próximos 2 meses quando iniciarem as operações domésticas da Etiophian Airlines -, o responsável máximo da autoridade aeronáutica de Moçambique, João de Abreu Martins, prognostica que os passageiros terão à sua disposição melhores serviços, novas rotas em África com mais frequências, viagens mais curtas e provavelmente mais baratas.

Sector privado precisa de deixar de ter agência de viagens e passar a ser operador turístico

São promessas a ver afinal o mercado aeronáutico moçambicano não tem sido atractivo quer para as companhias de aviação do nosso continente e nem mesmo para as globais. O número de aeronaves que aterra nos aeroportos de Moçambique tem decrescido, as 75.090 de 2014 reduziram para 68.039 em 2015 e diminuíram para 61.259 aviões em 2016.

Acusado durante décadas de manter o espaço aéreo moçambicanos sob o monopólio das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) o Presidente do Conselho de Administração do Instituto de Aviação Civil de Moçambique desafiou, em entrevista ao @Verdade, os empresários nacionais: “O Estado está a fazer o seu papel, o sector privado precisa de assumir o seu, por exemplo deixar de ter agência de viagens e passar a ser operador turístico”.

Todavia a maioria dos poucos turistas que entram em Moçambique pela via aérea para usufruir das paradisíacas praias ou dos parques de fauna não são africanos. Um paradoxo em todo continente que viu o número de turistas internacionais duplicar, entre 1995 e 2014, mas somente 4 desses eram africanos. Mas o potencial existe, os 14 biliões de dólares norte-americanos gerados pelo turismo em África em 1995 mais do que triplicou gerando 47 biliões em 2014.

Porém, mesmo que não seja para o turismo, o potencial do transporte aéreo de passageiros e carga existe pois no nosso continente apenas responde por 3% do movimento global de viajantes de avião. Dados da União Africana indicam que os 23 países aderentes representam um população de 600 milhões de pessoas, que geraram um Produto Interno Produto agregado de 1.450 biliões de dólares norte-americanos em 2015 e tem um potencial de fazer voar 200 milhões de pessoas todos anos.

Embora estes números do continente contrastem com os de Moçambique, onde o número de passageiros tem caiu para 1.904.237 em 2016, contra 1.994.415 em 2015 e 2.029.344 de 2014, João de Abreu Martins tem esperança nas companhias aéreas nacionais e revelou ao @Verdade que, para além da falida companhia de bandeira nacional, o IACM designou também as companhias aéreas Moçambique Expresso (MEX), CFM – Transportes e Trabalhos Aéreos e a Solenta Aviation Mozambique para entrarem neste mercado aéreo regional, embora todas sem a robustez financeira necessária para competir.

Além das gigantes Ethiopian Airlines, Kenya Airways e South African Airways estão designadas a voar do Mercado Único de Transporte Aéreo Africano, até a data, as LAM, a Egyptair, a e South African Express, a Air Zimbabwe, a Equatorial Congo Airlines, a Air Botswana, a RwandAir, a Cabo Verde Airlines, a Air Cote d´Ivoire, a Nile Air, a Aero e a Asky.

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