Moçambique foi considerado o quarto país menos desenvolvido do mundo pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), ocupando a 184ª posição, num conjunto de 187 países avaliados.
Estes dados constam do último Relatório de Desenvolvimento Humano, lançado na quarta- -feira (2) da semana passada, sob o lema “Sustentabilidade e Equidade: Um futuro melhor para todos”.
Segundo o relatório, elaborado pelo PNUD, dos 187 países avaliados, apenas o Burundi, Níger e a República Democrática do Congo têm um Índice de Desenvolvimento Humano inferior a Moçambique, encontrando- se nas posições 185,186 e 187, respectivamente. Em 2010, o país classificou-se em 165° num total de 169. A mudança na classificação deve- -se à inclusão de mais 18 países que em 2010 não foram avaliados, sendo na sua maioria, países com um índice desenvolvimento humano médio, o que significa que este resultado não reflecte o progresso que o país registou.
Este ano, Moçambique conseguiu 0,322 pontos, uma pontuação que representa uma melhoria significativa comparativamente ao ano de 2010, em que teve 0,284 pontos, ainda que o PNUD tenha mais tarde revisto esta pontuação em alta, sem nenhuma explicação, para 0,317. Tomando como base o relatório, pode-se concluir que Moçambique é o 4º pior país do mundo, o 4º pior de África, o 2º pior da região da África Austral (SADC), o pior dos Países Africanos da Língua Portuguesa (PALOP), o pior da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) e o pior da Commonwealth.
O Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) de 2011 antevê uma reversão do progresso caso a deterioração ambiental e as desigualdades sociais continuem a intensificar- se, principalmente nos países menos desenvolvidos que apresentam um risco da divergência regressiva dos padrões globais de progresso para 2050.
O relatório defende que a sustentabilidade ambiental pode ser alcançada de forma razoável e eficaz, através de intervenções nos sectores da saúde, educação, rendimento pessoal, e disparidades do género, associadas à necessidade de uma acção global de produção energética e protecção do ecossistema.
O documento defende ainda que a questão da sustentabilidade deve ser abordada como um assunto de justiça social básica, para as actuais e futuras gerações. Destaca também a importância da sustentabilidade e da equidade assim como a influência desses factores em futuras realizações no âmbito do desenvolvimento humano. Apesar do significativo progresso, valores do IDH foram conseguidos em várias partes do mundo, em particular entre os países abaixo dos 25% na classificação do IDH, apesar de o mesmo estar cada vez mais sob ameaça.
O RDH 2011, levanta preocupações que indicam que o progresso do desenvolvimento nos países mais pobres do mundo poderia ser interrompido ou mesmo invertido em meio século se não forem tomadas medidas para reduzir as mudanças climáticas, impedir mais danos ao meio ambiente e reduzir as profundas desigualdades dentro e entre as nações.
O PNUD prevê que o desinteresse pela deterioração ambiental – que vai da seca na África Sub-Sahariana ao aumento dos níveis do mar que poderiam inundar muitos países – poderá fazer com que os preços dos alimentos subam até 50% e invertam os esforços para expandir a água, saneamento e acesso da energia a biliões de pessoas, principalmente em regiões como o sul da Ásia e a África Sub-Sahariana. U
sando diferentes cenários, estima-se que a média do IDH, diminuiria entre 12% e 15%, com profundas perdas nas regiões mais pobres. Por isso, o relatório defende que a deterioração ambiental poderia minar décadas dos esforços para expandir das redes de abastecimento de água, o saneamento e o acesso à electricidade às comunidades mais pobres do mundo.
O valor do IDH para Moçambique, aumentou o ano passado de 0.317 para 0.322, seguindo as tendências das duas últimas décadas. De 2000 a 2011, o aumento anual médio no valor de IDH para Moçambique registou um crescimento de 2.49%. Comparado com outros países no período entre 2000 a 2011, o desempenho de Moçambique está entre os 5 do topo no mundo.
O Índice de Desenvolvimento Humano é uma medida comparativa de riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade, e outros factores para os diversos países do mundo. É uma maneira padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma população, especialmente o bem-estar infantil. O mesmo é usado para distinguir se o país é desenvolvido, em desenvolvimento ou subdesenvolvido, e também para medir o impacto das políticas económicas na qualidade de vida.