A Itália renovou o compromisso de continuar a apoiar os esforços que o governo moçambicano tem vindo a empreender para reduzir a taxa de mortalidade materno-infantil no país bem como expandir a rede sanitária cujos níveis continuam abaixo do ideal.
A determinação foi expressa no encontro havido, quinta-feira, em Roma, entre a Primeira Dama moçambicana, Maria da Luz Guebuza, e a Ministra de Igualdade e Oportunidades da Itália, Mara Carfagna, em que a jovem governante transalpina ficou a conhecer melhor as actividades desenvolvidas pela esposa do presidente na área social.
Maria da Luz, que é patrona de uma iniciativa voltada para a luta contra a mortalidade materno-infantil, disse, a título de exemplo, que o seu gabinete tem trabalhado em estreita colaboração com o Ministério da Saúde (MISAU) com vista a reduzir as actuais taxas no país, cujos indicadores são ainda inaceitáveis.
Os actuais índices, segundo a esposa do presidente, podiam reduzir drasticamente caso as maternidades das unidades sanitárias estivessem dotadas das “casas mãe espera”, locais onde as futuras mamãs ficam até a altura de dar a luz.
“Um dos problemas que eleva a taxa de mortalidade no nosso país reside no facto de as maternidades não estarem dotadas das casas mãe espera, onde elas podem ficar mesmo dois meses a espera de dar o parto, as longas distâncias que elas percorrem até a maternidade as vezes pode propiciar a morte do seu bebé”, explicou a primeira dama.
O quadro da mortalidade maternoinfantil agrava-se no país não apenas pela falta das casas mãe espera, mas também a falta de pessoal médico e as distâncias que as mulheres grávidas têm de percorrer para chegar a uma unidade sanitária, situação que é mais preocupante nas zonas rurais onde, por sinal, vive a maioria da população moçambicana.
Mara Carfagna, que não se mostrou alheia ao papel que Maria da Luz tem vindo a desempenhar em prol das camadas desfavorecidas da sociedade moçambicana, disse que o seu país e muitos outros estão tão atentos, porquanto as realizações até então feitas são, na verdade, dignas de registo.
A ministra italiana disse, por outro lado, que este país transalpino está envolvido numa forte campanha visando garantir que o próximo Nobel da Paz venha para a África e muito em particular atribuído a uma personalidade feminina, porque, segundo Carfagna, “África Caminha com os Pés das Mulheres”. “Prometo incondicionalmente todo o meu apoio e do meu ministério para que o resultado da campanha seja aquele que tanto queremos”, ressaltou a ministra.
No seu preenchido programa de trabalho para o dia de hoje, o outro encontro de vulto que Maria da Luz teve foi a visita a sede do Programa Mundial de Alimentação (PMA), onde manteve conversações com Jossete Sheeram, directora executiva daquela agência das Nações Unidas.
No encontro, as duas individualidades passaram em revista as diversas actividades que o PMA tem feito em Moçambique com vista a reduzir a situação de fome de muitas famílias, sobretudo nos período em que o país é assolado por calamidades naturais como secas e inundações.
Sheeram, que tem uma cronologia bem actualizada das actividades do PMA no auxílio aos necessitados, disse que Moçambique tem sido um ponto de viragem da agência da ONU mercê do sucessos das várias iniciativas que foram implementadas durante os tempos.
A fonte destacou uma diversidade de iniciativas como o ‘cartão de acesso aos alimentos’, destinado aos doentes de HIV/SIDA que os permite se deslocar aos estabelecimentos apropriados onde podem obter os alimentos energicamente recomendados para continuar com o tratamento anti-retroviral.
Aliás, Maria da Luz e Jossete Sheeram são unânimes em relação ao facto de muitos doentes não estarem a seguir correctamente os tratamentos tanto pela falta de uma dieta devidamente orientada quanto a indisponibilidade dos mesmos.
O cartão, segundo a directora, ajudará não só o médico que assiste os doentes, mas também o próprio paciente e o comerciante que disponibiliza os alimentos indicados para os enfermos.
Ainda quinta-feira, a primeira-dama foi recebida na sede da Comunidade Sant’Egídio, pelo respectivo fundador, Andrea Riccardi, local de elevado valor histórico para Moçambique por ser onde foi rubricado o Acordo Geral de Paz em 1992, pondo fim a guerra dos 16 anos no país.
No périplo durante a tarde de hoje, a esposa do presidente escalou a Casa de Acolhimento aos Idosos ‘Viva gli Anziani’, da Comunidade Sant’Egídio, onde teve a oportunidade de conversar com os cerca de 25 idosos que vivem no local e conhecer um pouco mais da louvável experiência.
Na sexta-feira, Maria da Luz vai discursar na sessão de abertura da 7ª Conferência Internacional da Drug Resource Enhancement against Aids & Malnutrition (DREAM) que juntará vários ministros africanos da saúde (incluindo de Moçambique) para uma reflexão sobre a pandemia.