O Governo moçambicano reafirmou o seu compromisso com a construção de infra-estruturas resilientes aos abalos associados às mudanças climáticas e com a gestão integrada e sustentável dos recursos hídricos.
O comprometimento foi novamente manifestado ao acolher, segunda-feira, 2 de Junho corrente, a II Reunião Regional do Programa de Resiliência Climática para a África Oriental e Austral (PRRC), evento que decorreu no posto administrativo da Ponta D’Ouro, distrito de Matutuine, na província de Maputo.
Na abertura do encontro, o ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, Fernando Rafael, anunciou que Moçambique irá beneficiar de cerca de 125 milhões de dólares norte-americanos, equivalentes a 33% dos 382 milhões alocados ao PRRC. O montante será aplicado em projectos que visam proteger as comunidades mais vulneráveis, garantir a segurança hídrica e fortalecer a capacidade nacional de resposta aos choques climáticos.
Segundo o governante, os efeitos das alterações climáticas em Moçambique são inquestionáveis e cada vez mais severos, traduzidos em ciclones, secas, inundações e intrusão salina, que comprometem infra-estruturas básicas e agravam a pobreza.
“Nos últimos 10 anos, o nosso País registou um aumento sem precedentes de fenómenos climáticos extremos. Esta realidade exige acções urgentes, coordenadas e sustentadas, com enfoque na construção de infra-estruturas estratégicas de armazenamento de água e na promoção de soluções resilientes e sustentáveis”, afirmou.
Entre as acções concretas que Moçambique está a implementar, com apoio do PRRC, destacam-se os estudos para a construção da barragem de Macuje, em Nampula, a reabilitação de diques nas bacias hidrográficas dos rios Incomáti, Limpopo, Búzi, Save, Zambeze e Licungo, bem como a avaliação da segurança das barragens de Pequenos Libombos e Massingir.
A estes somam-se a construção do descarregador auxiliar da barragem de Corumana, a modernização da rede nacional de monitoria hidrológica e a actualização da Carta Hidrogeológica Nacional. Também avançam os estudos para grandes obras de retenção, como as barragens de Moamba Major e Alto Lúrio.
Francis Ghesquière, representante do Banco Mundial, sublinhou durante a reunião que “a água é essencial para a vida, para as cidades, para a agricultura e para a produção de energia”, apelando a uma gestão responsável e colaborativa deste recurso vital, especialmente no contexto dos desafios partilhados pela região.
O encontro contou com a presença de delegações dos países como Comores, Madagáscar, Malawi e Sudão do Sul, bem como de parceiros multilaterais como a Cooperação para as Águas Internacionais em África (CIWA), o Fundo de Investimento Climático e a Parceria para Infra-estruturas de Qualidade.
Durante as sessões de trabalho, foi reiterada a importância da cooperação transfronteiriça na gestão de cursos de água partilhados, da mobilização de investimentos públicos e privados e da consolidação de políticas integradas de resiliência climática.