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Moçambicanos vão pagar a factura da crise sul-africana

Quer queiramos quer não, o actual estado da economia sul-africana vai-se fazer sentir no mercado moçambicano, particularmente na província e cidade de Maputo e nós vamos ter de pagar a factura, porque a actual tendência é da subida dos preços dos principais produtos básicos que são importados da África do Sul.

À medida que a quadra festiva se aproxima, o efeito dessa subida vai-se fazer sentir de forma acentuada. É evidente que para agravar a situação surgirão os comerciantes oportunistas, que, certamente, poderão elevar a fasquia do preço dos ovos, dos cereais, das horto-frutícolas, da farinha de trigo e de milho e de outros produtos considerados essenciais, e que chegam aos nossos mercados pela fronteira de Ressano Garcia.

Sector mineiro

A situação da África do Sul, caracterizada pela instabilidade no sector mineiro, pelas revoltas populares nos bairros mais problemáticos como Alexandra, Soweto ou Diepsloot, ou ainda com focos de tensão latentes em algumas unidades do sector agrícola e industrial, vai obrigar a uma verdadeira “engenharia” económica e financeira, por forma a reduzir o impacto que esta situação está a provocar na sociedade sul-africana.

Os níveis de inflação rondam, de acordo com dados de Setembro, os 5,5%. O crescimento económico, calculado em 2,6% para este ano e em 3,4% para 2013, não vai ser atingido, o que leva os responsáveis do Banco Central a afirmar que “esses números, face à preocupante situação económica, terão de ser revistos”.

A MOODY’S, uma Agência Internacional de classificação de crédito e que se dedica também à pesquisa e análise global do mercado de capitais, baixou a classificação da África do Sul, na sua escala económica, em dois pontos, o que não deixa de ser preocupante, para um país que é considerado como a potência económica em África. Por outro lado, outra agência de “rating”, a Standard& Poor’s, fez descer a África do Sul da escala BBB para BBB+.

Avaliações da Moody’s e S&P

Qualquer delas justifica esta tomada de posição, tendo em conta “as tensões sociais, as greves no sector mineiro, o fraco ambiente de negócios, o clima de investimento pouco favorável e as incertezas políticas relativamente às eleições de 2014”.

Este posicionamento destas duas agências (Moody’s e S&P) não agradou as autoridades locais. O Ministério das Finanças da África do Sul contrapôs com argumentos que alguns analistas locais consideram como sendo “pouco convincentes”.

A Governadora do Banco Central da África do Sul, a Dra. Gill Marcus, já advertiu que a instituição que dirige não pode fazer nada de momento. Qualquer mexida pode provocar um aumento no nível de inflação e, por via disso, o consequente aumento de preços, essencialmente em produtos considerados básicos para a alimentação.

Ela fez o apelo ao Governo para que sejam tomadas medidas urgentes, por forma a “voltar a colocar o comboio nos carris”, situação que passa necessariamente pelo aumento da capacidade produtiva, especialmente no sector mineiro, que, com as greves de Agosto, perdeu cinco biliões e meio de randes.

Esta situação pode vir a provocar problemas, particularmente no que ao reescalonamento do serviço da dívida diz respeito.

O Governo de Jacob Zuma está a ser criticado pelas organizações da sociedade civil e algumas instituições internacionais por não estar a conseguir legalmente travar as greves e revoltas populares, bem como por ter falhado na aplicação de programas de melhoria da qualidade de vida dos seus cidadãos, que infelizmente ainda caracterizam esta África do Sul, 18 anos depois de se ter libertado do sistema do apartheid.

Há por cá quem diga que todo este processo (greves, tumultos, revoltas) está a ser organizado e comandado por elementos descontentes do partido no poder, que tudo farão para bloquear a possibilidade de Jacob Zuma renovar o seu mandato como presidente do ANC, em Dezembro próximo.

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