O Ministério moçambicano da Educação (MINED) deverá recrutar, nos próximos anos, mais professores para o ensino secundário para minimizar a escassez de docentes neste nível de ensino.
Nos últimos dois anos, o recrutamento de professores para o ensino secundário foi pretérito ao “segundo plano”, uma vez que o Governo estava com as suas atenções viradas para o ensino básico dadas as metas de universalização deste nível até 2015.
O recrutamento de mais professores do ensino secundário foi recomendado no último Conselho Coordenar do MINED realizado recentemente em Chidenguele, província de Gaza, no sul do país.
Segundo o porta-voz do MINED e director de Planificação e Cooperação, Manuel Rego, nestes dois últimos anos foram recrutados 1.200 professores para o ensino secundário. Actualmente, o rácio aluno/professor neste nível de ensino é, em média, de 62 numa sala de aula.
A maior parte dos professores secundários têm mais de uma turma, para além de leccionarem em mais escolas. Rego disse que o sector pretende reduzir paulatinamente este rácio, mas não avançou o número de professores a contratar.
“Temos carência de professores para todos os níveis de ensino. A média global de rácio no país é de mais de 62 alunos por professor e no secundário pretendemos reduzir de 62 alunos/professor para 61 ou 60, o que vai implicar contratar mais pro- fessores”, referiu.
A fonte assegurou haver disponibilidade orçamental para a contratação de mais professores secundários, justificando que isso se deve ao facto de os níveis de cresci- mento no ensino primário estarem a reduzir nos últimos tempos, havendo assim muito espaço e disponibilidade financeira.
Neste momento, o ensino geral conta com 140 mil professores, alguns dos quais não estão a dar aulas. Deste número apenas 20 mil estão no ensino secundário.
Nos últimos anos, a procura de vagas no ensino secundário aumentou exponen- cialmente que alguns alunos, menores de idade, são afectados no curso nocturno e outros ficam de fora do sistema nacional, sendo que o maior problema se coloca ao nível da 8a e 11a classe.
A par de soluções para resolver a situação, o Governo está a apostar no ensino a distância, introduzido no país em 2004, a título experimentar, na província de Nampula.
Porém, volvidos oito anos tem pouca aceitação devido a cepticismos em relação a qualidade de ensino, porque, mesmo a nível do ensino presencial, no qual os alunos têm os professores disponíveis a “tempo inteiro” e material didáctico necessário, a qualidade deixar muito a desejar.
Entretanto, o MINED defende que está é a melhor alternativa para a situação que o país enfrenta. Para Rego, existe agora maior ca- pacidade material e humana para a implementação do subsistema, ultrapassando-se assim os problemas que marcaram o arranque do projecto.
“O ensino a distância pode ser uma boa alternativa. Este tipo de ensino não tem sido bem acolhido pelas famílias, mas os que frequentaram o ensino a distância tiveram um bom aproveitamento nos exames finais, superior ao dos alunos do ensino presencial. Há famílias que preferem colocar o educando numa turma com mais de 70 alunos”, explicou.
No seu arranque, havia apenas seis centros e, em 2008, iniciou o processo de expansão com a criação de 49 centros em todo o país, depois de um interregno para avaliação e redefinição do ensino, em 2007.
Em 2009, foram criados mais 37 centros em todas as províncias e três outros em 2010, totalizando, em todo o país, 89 centros com cerca de 4 mil alunos. Os alunos que concluem os módulos da 10a classe fazem exames extraordinários, que normalmente ocorrem no meio do ano.