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Militares do Egito pedem o fim das greves

Os novos governantes militares do Egito pediram esta segunda-feira que os trabalhadores voltem a seus empregos e ajudem a reativar a economia, afetada pela revolta que pôs fim ao governo de 30 anos de Hosni Mubarak, mas também deflagrou uma onda crescente de greves.

Num comunicado transmitido pela televisão três dias depois de Mubarak ser forçado a renunciar à Presidência e entregar o poder às Forças Armadas, o Conselho Superior Militar fez um apelo à unidade nacional. No “Comunicado No. 5”, lido na televisão estatal, um porta-voz do Exército disse: “Os nobres egípcios percebem que essas greves, neste momento delicado, conduzem a resultados negativos.”

Ele acrescentou que as paralisações prejudicam a segurança e a produção econômica. O conselho militar que agora governa o país mais populoso do mundo árabe “pede que os cidadãos, entidades de classe e sindicatos trabalhistas desempenhem seu papel integralmente”.

Os generais do Egito, que tiveram um papel importante na revolta anti-Mubarak ao não fazerem nenhum esforço para reprimi-la, estão exercendo o controle sobre o país e tentam fazer a vida voltar ao normal. Os trabalhadores citam uma série de queixas. O que os une é a nova percepção de ser capaz de se expressarem na era pós-Mubarak.

Os líderes pró-democracia afirmam que os egípcios protestarão de novo, caso a demanda deles por uma mudança radical não seja atendida. Eles planejam uma grande “Marcha da Vitória” na sexta-feira para comemorar a revolução – e talvez lembrar os militares do poder das ruas.

Usando a recém-adquirida liberdade de expressão e de protesto, trabalhadores fizeram protestos nesta segunda-feira no Cairo e em outras cidades para reclamar dos salários baixos e das precárias condições de trabalho. Protestos, piquetes e greves têm ocorrido em instituições estatais em todo o Egito, incluindo na bolsa de valores, em empresas têxteis e siderúrgicas, organizações de mídia, correios, ferrovias, no Ministério da Cultura e no Ministério da Saúde.

LEVANTANDO A VOZ

Centenas de funcionários fizeram uma manifestação diante de uma filial do Banco de Alexandria na região central do Cairo nesta segunda-feira, pedindo que a diretoria “saia, saia!”, em um eco do slogan anti-Mubarak. Ao menos 500 pessoas participaram de um protesto diante do prédio da televisão estatal. “Se eles distribuírem todos os bilhões de dólares roubados por Mubarak aos 80 milhões de egípcios, isso será o suficiente”, disse uma das manifestantes, a viúva Safat Mohamed Guda, de 52 anos, mãe de cinco filhos.

Os militares retiraram as últimas dezenas de manifestantes da praça Tahrir, do Cairo, epicentro dos protestos anti-Mubarak. Pouco depois disso, porém, centenas de policiais fizeram uma marcha em solidariedade aos ativistas pró-democracia e novamente interromperam o fluxo do trânsito no centro da cidade.

Em sinal de nervosismo, a direção da bolsa de valores do Egito, fechada desde o dia 27 de janeiro em razão da agitação, informou que permaneceria fechada até que a economia se estabilizasse, disse uma autoridade. Os governantes militares decretaram feriado bancário nesta segunda-feira após confusão no setor bancário. A terça-feira será feriado nacional para marcar o aniversário do profeta Maomé.

Num comunicado no domingo, os militares suspenderam a Constituição e dissolveram o Parlamento, iniciativas saudadas por aqueles que consideravam ambos instrumentos para reforçar a mão de ferro de Mubarak.

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