Militares de Burkina Fasso anunciaram nesta quinta-feira que destituíram o presidente interino Michel Kafando das suas funções e dissolveram o governo, tomando o poder num golpe a menos de um mês de eleições destinadas a restaurar a democracia no país do oeste da África.
O Burkina Fasso mergulhou no caos na quarta-feira, quando a Guarda Republicana –unidade de elite e um dos pilares do regime do ex-presidente Blaise Compaoré, que ficou por um longo período no poder- prendeu Kafando, o primeiro-ministro Yacouba Isaac Zida e dois ministros.
A poderosa guarda presidencial tem se intrometido repetidamente na política desde que Compaoré foi deposto num levante popular em Outubro do ano passado.
“As forças patrióticas, agrupados no Conselho Nacional para a Democracia, decidiram hoje pôr fim ao corrompido regime transitório”, disse um oficial militar na televisão estatal RTB. “A transição distanciou-se progressivamente dos objectivos de refundar a nossa democracia”, afirmou, acrescentando que a revisão da lei eleitoral que impediu partidários de Compaoré de disputar as eleições previstas para 11 de Outubro tinha criado “divisões e frustrações entre as pessoas.”
O aparente golpe militar -que provocou a condenação das Nações Unidas, do governo dos Estados Unidos da América e da França, ex-potência colonial no país- acabou com as esperanças de uma transição suave em Burkina Fasso, que se tornou um farol para as aspirações democráticas na África depois que os manifestantes derrubaram Compaoré.