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Milhares de “intocáveis” exigem justiça após a morte de duas crianças na Índia

Milhares de dalits, considerados os “intocáveis”, manifestaram-se nesta quarta-feira no norte da Índia para exigir justiça pela morte de duas crianças dessa comunidade, que foram queimadas vivas em um incêndio supostamente provocado por membros de uma casta superior.

Na cidade de Sonped, a cerca de 40 quilómetros de Nova Délhi, onde ocorreram os factos na madrugada de quarta-feira, os “intocáveis” fecharam a estrada com os corpos das duas crianças, que a família decidiu não cremar – como determina a tradição hindu – até que os culpados sejam presos.

De acordo com as primeiras investigações, 11 homens queimaram a casa da família enquanto os moradores dormiam. As crianças, de nove meses e dois anos, não sobreviveram, enquanto o pai e a mãe foram transferidos ao hospital com queimaduras.

As autoridades estudam a hipótese de um crime por disputa entre castas. O vice-presidente do Partido do Congresso, Rahul Gandhi, foi à cidade e com o pai das vítimas para protestar com os membros da comunidade.

“São frágeis e pobres, por isso são tratados assim. Este não é o governo dos frágeis”, escreveu no Twitter o líder do principal partido da oposição.

Os protestos repetiram-se em outros pontos do norte do país. Em Nova Délhi, associações e membros desta comunidade manifestaram-se na frente da sede do governo do estado de Haryana, onde as duas crianças moravam.

“Agora queimaram e assassinaram brutalmente duas crianças. A situação ultrapassou todos os limites e esta é a gota d’água. Vamos lutar todos juntos porque estes casos contra minorias, mulheres, famílias ‘dalits’ e pobres estão a aumentar constantemente”, disse à Agência Efe a secretária-geral da Associação Democrática de Mulheres de Toda a Índia (AIDWA), Jagmati Sangwan.

Os manifestantes gritaram palavras de ordem e carregaram cartazes com frases como “Justiça para Vaibhav e Divya”, os nomes das crianças mortas, e “Chega de matar os intocáveis” e protestaram contra o governo estadual do Bharatiya Janata Party (BJP), do primeiro- ministro Narendra Modi.

O governo de Haryana criou uma equipe especial para investigar o incidente e anunciou que quatro pessoas foram presas, além de tomar medidas contra vários membros da polícia.

“Suspendemos três polícias por considerar que houve distracção”, disse o subdiretor-geral da Polícia de Haryana, Mohammad Akil, ao explicar que os agentes que estavam no posto de controle da região receberam uma punição semelhante, da mesma forma que outro oficial envolvido.

Ao todo, 16% da população indiana faz parte da casta “dalit”. Essas pessoas são consideradas sujas e as responsáveis por realizar os trabalhos menos nobres. Apesar da proibição das castas na Constituição de 1947, a marginalização continua a acontecer.

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