Milhares de funcionários públicos responderam esta quarta-feira à convocação de greve do principal sindicato do setor, o ADEDY, para protestar contra as medidas de austeridade salarial previstas pelo governo socialista para tirar o país da crise financeira.
Mais de 5 mil trabalhadores do ADEDY se manifestaram nesta quarta, em Atenas, e outros 3 mil em Tessalônica (norte) para protestar contra esses cortes salariais. “Não podemos pagar pela crise!”, afirmava uma das faixas exibidas pelos manifestantes durante seu desfile pela grande avenida do centro de Atenas, enquanto que outros cartazes pediam uma “greve contra os especuladores”.
A Frente de Luta Sindical, saída do ultraortodoxo partido comunista KKE, convocou seus membros para que se unam ao movimento de protesto. A greve desta quarta constitui a primeira resposta do ADEDY, que reivindica cerca de 300.000 membros, ao plano de austeridade anunciado pelo primeiro-ministro Giorgos Papandreou frente à explosão da dívida e o déficit públicos.
O ADEHY havia convocado seus funcionários a se mobilizarem contra os “sacrifícios injustos e ineficazes” do plano governamental de saída da crise. A greve afetou os ministérios, serviços de impostos e prefeituras, assim como também o setor de ensino. Os controladores aéreos se juntaram à ela e não houve decolagens ou aterissagens nos aeroportos gregos. Os funcionários ferroviários também reduziram fortemente o serviço de trens, ainda que as linhas internacionais não tenham sido afetadas.
Mas, mesmo com esta demonstração de força, Papandreou reiterou nesta quarta-feira que a Grécia está disposta a tomar “todas as medidas necessárias” para reduzir seu déficit em 4% em 2010, ao final de um almoço de trabalho com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, em Paris. Na terça-feira à noite, o ministro de Finanças, Giorgos Papaconstantinou, voltou a enumerar as medidas previstas para a função pública: congelamento dos salários, diminuição em 30% nas horas extras, freio total nas contratações em 2010, exceto nos setores da saúde, educação e segurança.
A maioria dos gregos é a favor das medidas de enxugamento da economia, e seis em cada dez acreditam que são necessárias, segundo uma pesquisa. Mas o governo socialista terá que enfrentar outra greve no dia 24 de fevereiro, convocada pela Confederação de Trabalhadores da Grécia (GSEE, 600 mil membros) para protestar contra os projetos de reforma das aposentadorias. O ministro grego do Trabalho, Andreas Loverdos, propôs na terça-feira aumentar em dois anos a idade para se aposentar na Grécia, que passaria para os 63 anos em 2015.