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“Microfone Aberto” aviva raps em Nampula

“Microfone Aberto” aviva raps em Nampula

O projecto Puro Hip Hop lançou na tarde do passado sábado (15), na cidade de Nampula, o “Microfone Aberto”, um movimento cultural que visa promover a música Rap e os próprios artistas, através de espectáculos gratuitos, nos diversos bairros daquela urbe.

Na verdade, movimentos do género tiveram início nos Estados Unidos da América (EUA). Em Moçambique, a cidade da Beira é tida como a que mais promove espectáculos daquela natureza. Portanto, o “Microfone Aberto” não é uma iniciativa que ocorre pela primeira vez em Moçambique ou além-fronteiras. Embora sem fins lucrativos, a promoção dos artistas será feita através de espectáculos gratuitos em diferentes zonas residenciais, onde os artistas de cartaz são os anfitriões.

O “Microfone Aberto” é um evento em que qualquer fazedor da música Hip-Hop goza do direito e da autonomia de actuar no mesmo sem que seja convidado. A iniciativa é de jovens admiradores daquele estilo de música que, comovidos com a actual situação em que os artistas estão mergulhados, decidiram unir forças em prol da promoção dos trabalhos dos fazedores de Rap.

Importa referir que o movimento “Microfone Aberto” foi criado pelo cantor Manuel Tomo Renço, ou simplesmente, Sinembo Underground, como é conhecido na arena artística. Sinembo, também mentor do projecto Puro Hip Hop, repisou que o principal objectivo deste evento consiste em promover os talentos que existem na província de Nampula, na cidade capital, numa primeira fase.

O primeiro passo

A cultura Hip-Hop consiste em batalhas de “freestyle”, onde cada artista vai mostrando as capacidades que possui quando se trata de inventar rimas aleatoriamente. Foi desta forma que decorreu o primeiro espectáculo que teve lugar no bairro Urbano Central, concretamente no Big Mama Bar, local onde decorreu o show que parou literalmente a cidade de Nampula.

O espectáculo primordial promovido pelo movimento em alusão teve uma aceitação positiva por parte do público local. O Big Mama Bar foi pequeno para acolher mais de uma centena de pessoas entre artistas e público em geral. Segundo Sinembo, está programada uma série de 10 espectáculos nos diferentes bairros da chamada capital do norte. Numa primeira fase, os eventos não serão cobráveis pois a intenção nesta época cinge-se à ideia de tornar pública a existência da cultura Hip-Hop.

As emoções do primeiro “Microfone Aberto”

Nervos à flor da pele. Correrias para cá e para acolá. Os cantores e os organizadores analisam cada detalhe de forma que o evento pudesse correr sem sobressaltos. Como era de esperar, o público está ansioso e não desiste de esperar pelo começo, mesmo tendo em conta a demora que se regista. É mais de uma dezena de pessoas que se fizeram ao Big Mama Bar, situado no bairro Urbano Central, justamente para ver os fazedores da cultura Hip-Hop passearem a sua classe no “Microfone Aberto”.

Revistos os detalhes técnicos, chegou a hora para o início do esperado espectáculo, por sinal o primeiro de tantos outros. Sem mais demora, Sinembo Underground dá o pontapé de partida falando da essência do movimento. “Estamos aqui para concretizar um sonho de longa data. Na verdade, queremos dar uma outra face à cultura Hip-Hop neste ponto do país”. Sinembo, mais adiante, explica que o lançamento do evento visa tornar mais sólida a força de vontade que certos artistas possuem quando o assunto é tirar aquela arte musical da situação anónima em que se encontra para ganhar novamente o espaço que lhes pertencia na sociedade.

Após o discurso que levou menos de um minuto, lá estavam os artistas Raça Oculta, PIJ, Flossy, Shelter MC, Pesadelo, Paiw, Manas B, Boss Maga, Os Incríveis, entre outros, prontos para fizerem um verdadeiro espectáculo, com as misturas do DJ Leleco. Movido pelo “espírito raper”, Celestino Rocha, ou simplesmente Raça Oculta, toma de assalto o microfone e inicia a sua profecia em forma de música. Os espectadores ficam eufóricos. Empurram-se uns aos outros. Querem ver aquele que é considerado o melhor artista Hip-hop, o “Eminem” da cidade de Nampula. De 24 anos de Idade, Raça Oculta é um artista da era da transição (da velha guarda para a nova geração).

Este iniciou a sua carreira artística com 10 anos de idade. Portanto, possui motivos suficientes para não se comportar como um amador, mas sim como um cantor experiente. Foi o que fez. Com suas rimas de intervenção social, levou a plateia ao delírio. Rocha é um dos poucos músicos que assume que não canta para ganhar dinheiro. É por essa razão que diz. “Aderi à iniciativa do movimento Puro Hip- -Hop, o ‘Microfone Aberto’. Para mim, o Rap é vida e A vida não é comerciável”. após a sua actuação dá espaço aos “Wara-wara”, um agrupamento emergente na cidade de Nampula.

Um rap pobre mas rico espiritualmente

Por seu turno, Osvaldo Chipueria, Shelter MC – Gabriel O Pensador da terra das mutianas orera – trouxe consigo o seu polémico tema intitulado “rap pobre”, no qual procura debruçar-se sobre a actual situação em que os fazedores daquele estilo musical vivem. De 23 anos de idade, 12 dos quais dedicados à música Rap, Shelter, à semelhança de Raça Oculta, investiram num show espectacular.

Para este cantor, o “Microfone Aberto” é uma iniciativa a que se deve dar continuidade pois, além de promover o trabalho dos artistas, contribui para “uma sociedade musical equilibrada” porque, desta forma, os artistas não se vão sentir enganados. Novamente, Shelter MC pega no Microfone mas, desta vez, só foi para explicar a essência da música “rap pobre”.

“Eu também sou pobre assim como vocês. Vivemos a mesma vida. Passamos pelas mesmas consequências, sofremos e gastamos muito para ter o nome assinado num CD. É isso que nos faz pobres, mas ricos espiritualmente…”, conclui. Por outro lado, seguiram-se as actuações dos demais artistas, não menos importantes, tais como Os Incríveis, PIJ, Flossy, Pesadelo, Paiw, Manas B, Boss Maga que também não fugiram à regra, brindando o público presente no Big Mama Bar, um verdadeiro show de Hip-Hop.

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