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Metro de superfície para Maputo parece esquecido, obras do BRT adiadas “sine die” por falta de dinheiro

Metro de superfície para Maputo parece esquecido

Mapa do CMCMDecorrido cerca de metade do segundo mandato de David Simango, como edil da capital moçambicana, o cada vez mais lento e caótico tráfego rodoviário para entrada e saída da cidade de Maputo nas horas de ponta permanece sem solução à vista. O prometido metro de superfície foi esquecido e as obras do Bus Rapid Transit(BRT), previstas para iniciarem em Julho deste ano, estão adiadas sine die por falta de 330 milhões de dólares norte-americanos, apenas cerca de 15% dos empréstimos secretos das empresas Proindicus, MAM e EMATUM supostamente usados na compra de barcos que estão a enferrujar.

“Até 2018 teremos um metro de superfície e autocarros em quantidade e qualidade para o sistema de transporte público” comprometeu-se Simango, em Fevereiro de 2014, discursando na tomada de posse do seu segundo mandato como presidente do Concelho Municipal da Cidade de Maputo.

Quando faltam cerca de 2 anos para o término do seu mandato nada indica que a promessa eleitoral será materializada, inclusive a retórica do metro já não é repetida tendo sido substituída pelas faixas de circulação exclusiva para viaturas de transporte público de passageiros e pelo BRT.

As faixas introduzidas em Fevereiro passado, nas rotas Zimpeto-Baixa e Zimpeto-Museu, têm estado a funcionar com algum sucesso porém os autocarros de passageiros ainda não são uma alternativa para os munícipes que investiram em viaturas particulares para se deslocarem de e para a chamada “cidade das acácias” e por isso continuam os engarrafamentos nas primeiras horas dos dias úteis, assim como no seu término. Para os citadinos que circulam de e para Matola o calvário é igual, ou pior.

Estudos realizados pelo município de David Simango constatam que a duração média de uma deslocação de automóvel, nas horas de ponta, quer no sentido Matola ou Zimpeto, é de pelo menos 2 horas. A edilidade tem consciência, há vários anos, que se nada for feito para resolver o problema da mobilidade urbana em 2018 essas viagens poderão ser feitas em 4 horas.

A solução proposta pelo município da capital do País é a “criação de um sistema integrado com os vários modos de transportes” e está inserido no plano director de mobilidade e transporte para a área metropolitana de Maputo que incluí não só a cidade dirigida por David Simango mas também os municípios da Matola e Boane, assim como o distrito de Marracuene, onde residem grande parte dos cerca 2,2 milhões de habitantes da Região.

Inicialmente orçado em 5,5 biliões de dólares norte-americanos o plano de mobilidade incluía uma linha de metro de superfície que, tendo em conta estudos, não tem viabilidade para a sua materialização e por isso, segundo o @Verdade apurou, foi redimensionado para a criação de faixas rodoviárias exclusivas à circulação de autocarros de grande dimensão, os chamados BRT (acrónimo em inglês de Bus Rapid Transit).

Governo procura financiamento para o BRT

Esta solução, orçada em 330 milhões de dólares norte-americanos, foi repartida em duas fases. Uma primeira que conectaria a estação central dos Caminhos de Ferro e o bairro de Magoanine, com ligação intermediária no Museu, e uma outra entre ligando também a baixa da cidade e o bairro do Zimpeto. Uma rede de comboios suburbanos, entre a estação dos CFM e Matola-Gare, e outra para Marracuene, assim como a reformulação do transporte fluvial complementariam o projecto integrado do transportes.

Mapa do CMCMMapa do CMCM

Num evento público de divulgação da “visão integrada dos transportes da área metropolitana de Maputo”, há cerca de quatro meses, o vereador do pelouro dos transportes no Conselho Municipal, João Matlombe, disse ao @Verdade que a solução da edilidade fora submetida à apreciação do Executivo de Filipe Nyusi para a sua viabilização financeira.

“(…)Em coordenação com o município de Maputo, está em análise e numa fase bastante avançada o projecto integrado de transportes para a área metropolitana de Maputo” afirmou na Assembleia da República o ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita.

Passado o mês de Julho, apontado como data prevista para o início das obras, que inicialmente estiveram agendadas para meados de 2015, o @Verdade contactou o Ministério dos Transportes e Comunicações para apurar afinal quando será aprovada a proposta de transporte integrado para a cidade de Maputo e de que forma será custeada a implementação do Bus Rapid Transit (BRT) em Maputo?

O Ministério esclareceu que opções de financiamento estão a ser analisadas, “pelo que não se pode dizer sobre a data em que as obras vão iniciar, mas o desejo é que iniciem o quanto mais cedo possível”.

Redirecionar compensação das gasolineiras para a Região metropolitana de Maputo

Importa referir que o município de Maputo sugeriu na sua proposta ao Governo, como opção de financiamento, que é primeiro “necessário alterar paradigma de subsídio ao transporte urbano” passando o actual subsídio que é dado aos transportadores para os munícipes que serão transportados.

Um fonte de financiamento indicada na proposta da edilidade, sem implicar a busca de novos financiamentos, passa pelo redirecionamento da compensação dada às gasolineiras, cerca de 50 milhões de dólares norte-americanos despendidos todos os anos – apesar de desde 2014 o custo do petróleo nos mercados internacionais ter caído para menos de 100% -, para a Região metropolitana de Maputo.

Segundo o vereador do pelouro dos transportes no conselho municipal de Maputo, a não intervenção no actual estado do transporte urbano irá conduzir a “deterioração do transporte publico; aumento do tempo de viagem e ineficiência; mais congestionamento e caos; proliferação de carrinhas de “caixa aberta”; aumento da despesa do Estado sem controlo efectivo, sem possibilidade de Retorno, e prejudicando a qualidade de vida dos cidadãos” não só residentes na capital moçambicana mas também aqueles que vivem nos municípios da Matola, Boane e no distrito e Marracuene.

Diga-se que os mais de 2 biliões de dólares norte-americanos assumidos pelo Governo de Filipe Nyusi como dívida Pública, embora tenham sido ilegalmente avalizados pelo Executivo antecessor, seriam melhor gastos no transporte urbano de passageiros do que em barcos que não pescam e em lanchas que não patrulham.

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