Zaquir Zadino, de seis anos de idade, residente do bairro de Muatala, na cidade de Nampula, foi sequestrado e mantido em cativeiro, no passado dia 15 de Julho, durante oito dias. O menor foi libertado mediante o pagamento de resgate no valor de dois mil meticais.
Trata-se de um caso que não só deixou preocupada a família do pequeno Zaquir, mas também os moradores daquela zona residencial que ficaram apoquentados com aquela situação. O menino em causa desapareceu depois de a sua progenitora se ter deslocado ao mercado. Ou seja, na ausência dela, uma cidadã fez-se à sua residência, tendo aliciado o menor com dinheiro.
Quando a mãe do petiz regressou do mercado, ela deu conta de que o filho não se encontrava em casa. Assustada, ela saiu à procura do menor no bairro, tendo sido informada de que a criança foi vista acompanhada de duas pessoas desconhecidas: uma mulher e um rapaz.
Passados dois dias sem nenhum sinal de Zaquir, o progenitor dirigiu-se à esquadra mais próxima para comunicar o desaparecimento do seu filho. A Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula encarregou-se de investigar o caso.
Volvidos quatro dias, o pai do menor recebeu um telefonema anónimo que deixou a família do petiz em estado de choque. A chamada teria sido feita por um cidadão que garantiu que o miúdo estava num cativeiro e só voltaria a ser visto com vida mediante o pagamento de 20 mil meticais.
A partir daquele instante, iniciou-se o processo de negociação. Primeiro, o sequestrador devia, através daquele telefonema, dar provas suficientes para convencer o pai de que, realmente, o petiz estava vivo. Após dar indícios de vida do menor ao progenitor, o raptor exigiu o pagamento do resgate.
O pai da vítima explicou ao malfeitor sobre a sua situação financeira, afirmando que não tinha dinheiro. No quinto dia das negociações, o valor sofreu uma ligeira redução, e eles passaram a exigir 18 mil meticais. Preocupado, o progenitor do pequeno Zaquir optou por procurar outras instâncias para ver o que podia ser feito. Ele recorreu a um médico tradicional, que pediu dois mil meticais para resolver o problema.
Volvido algum tempo, os sequestradores voltaram a entrar em contacto com os progenitores do menino. O primeiro passo acordado foi o pagamento do valor de 18 mil meticais e, mais tarde, os indivíduos acabaram por aceitar dois mil meticais. O processo de resgate ocorreria no oitavo dia e o miúdo seria levado até à porta de casa por alguém que não fazia parte do grupo.
No referido dia, o menino foi levado até à sua casa por um cidadão com deficiência auditiva.
Petiza escapa de rapto
Ainda na cidade de Nampula, no bairro de Mutauanha, uma petiza que responde pelo nome de Vanessa Francisco, de apenas cinco anos de idade, escapou de uma tentativa de rapto ocorrida na tarde da última quarta-feira (06).
A acção foi perpetrada por um adolescente de 16 anos de idade que escapou de linchamento. Quando o rapaz chegou àquela zona, avistou-se com um grupo de crianças a brincarem. Ele tentou aliciar uma delas com uma moeda de um metical, mas a sua acção foi frustrada por uma jovem que se encontrava nas imediações que, na ocasião, gritou: “Ladrão de crianças!”.
O indivíduo pôs-se em fuga. Passado algum tempo, ele viu uma menor a lavar a louça. A petiza vive com a avó, que na altura do ocorrido não se encontrava em casa. Ela estava na residência vizinha a conversar com a inquilina da mesma. De repente, surgiu um adolescente que pediu água à menina. Devido à sua ingenuidade aliada à idade, a pequena Vanessa foi levar o precioso líquido para dar ao adolescente.
No momento em que a menor se levantou, o rapaz tentou pegar na miúda e levá-la à força. Para a sua desgraça, a avó da petiza apercebeu-se da movimentação estranha, tendo surpreendido o rapaz com a menor nos braços.
O raptor alegou que a menina se parecia com a sua sobrinha e ele pretendia levá-la de volta à casa dos seus pais, algures no bairro de Muhala-Expansão. Subitamente, ele pôs-se em fuga. A idosa gritou, pedindo socorro e alguns moradores foram atrás do rapaz, que acabou por ser espancado pelos populares.
O que dizem as autoridades?
O @Verdade procurou ouvir as autoridades que lutam para travar esse tipo de situações. Segundo o procurador provincial e coordenador do Task Force de Nampula, Cristóvão Mondlane, os raptos e o tráfico de pessoas é um problema que tende a tornar-se mais complexo de se resolver, devido à fraca denúncia e falta de colaboração por parte das famílias atingidas pela prática.
Mondlane disse ainda que o tráfico de pessoas é um dos piores crimes que afectam as crianças, e instou os pais, encarregados de educação e os familiares a estarem atentos. Este ano, a província de Nampula ainda não reportou casos de tráfico de seres humanos, mas o nosso interlocutor avançou que no ano passado recebeu três casos que resultaram em cinco detidos.
Miguel Bartolomeu, porta-voz do Comando Provincial PRM em Nampula, garantiu que a sua corporação está a trabalhar no sentido de tornar a cidade de Nampula mais segura e combater os casos de raptos e sequestros.
O porta-voz da Polícia em Nampula, à semelhança do procurador provincial de Nampula, disse que o maior desafio é dotar as comunidades de conhecimentos sólidos e de meios a serem usados para se colmatar o problema.