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MBORALA é um fiasco em Maputo

O projecto de uso de bilhete electrónico pré-pago nos transportes públicos de passageiros, particularmente o MBORALA, implementado pela Empresa Municipal de Transportes Rodoviários de Maputo (EMTPM), está a revelar-se um autêntico fracasso. Relativamente ao MBORALA, cuja utilização obrigatória vigora desde 01 de Agosto passado, os utentes queixam-se de várias anomalias, tais como haver poucas pessoas que usam esse tipo de passe e os autocarros viajam às moscas enquanto há passageiros que ficarem horas a fio à espera dos mesmos transportes nas paragens.

Os “MBORALA” fazem as carreiras Expresso nas cidades de Maputo, da Matola e na vila de Boane. Contudo, há poucos munícipes que possuem o bilhete que lhes permite viajar nesses autocarros. Acontecem, porém, que para passageiros viajarem nestas carreiras devem assegurar que têm em sua posse um bilhete electrónico recarregado com o crédito necessário para o efeito, caso contrário só podem circular nas carreiras normais pagando a passagem com dinheiro em espécie.

O serviço em causa faz parte de um projecto cuja implementação está a custar 8.7 milhões de dólares aos cofres do Estado. Há semanas que o @Verdade está a contactar, sem sucesso, a direcção da EMTPM para perceber como é que o serviço em alusão foi pensado, uma vez que já está a causar transtornos para os beneficiários. Ninguém daquela instituição se dignou a prestar esclarecimentos.

Durante dias, omos jogados de um lado para outros até que “tropeçamos” num funcionário sénior que faz parte da equipa que desenhou o plano em apreço, o qual nos explicou que a introdução do bilhete electrónico pré-pago está a falhar porque não foram levados em conta vários aspectos antes a sua implementação, tais como a possibilidade de qualquer cidadão poder viajar nos mesmos autocarros que usar obrigatoriamente um passe MBORALA. Está-se acumular perdas.

Os carros que prestam esses serviços em Boane, na Matola e em Maputo – nas rotas de Txumene, CMC, Matendene, Liberdade, Patrice Lumumba, Machava Socimol, Mozal e Acipol – para além de serem exiguos, os cidadãos queixam-se igualmente do facto de, enquanto alguns autocarros circulam só com os poucos passageiros que dispõem de um serviço MBORALA, nas paragens há centenas de cidadãos que se acotovelam para tomar uma carinha de caixa aberta, vulgos My love.

Há dias, por volta das 17h:00, um cidadão reportou ao @Verdade que partiu da Praça dos Trabalhadores em direcção à Boane numa carreira Expresso do MBORALA. Do local de partida até a “Brigada” ele era o único transportado. Para o nosso interlocutor, o plano de funcionamento dessas carreiras é discriminatório na medida em que as paragens por mais que estejam abarrotadas de gente à espera de transporte não é permitido embarcar alguém sem o passe MBORALA.

Outro cidadão descreveu o que se passa nos autocarros públicos de passageiros como sendo penoso porque, no seu entender, “muitos compatriotas ficam por terra por falta desse cartão. Aqueles que se fazem de desentendidos e apanham os autocarros são mandados descer mesmo com dinheiro no bolso. As suas viagens são abortadas, primeiro por causa da falta do conhecimento da existência do MBORALA e, segundo, por falta de dinheiro para estar sempre a recarregar o passe, pois nem todos temos fundos para isso. Alguns trabalham arduamente para conseguir dinheiro de chapa diariamente. Há muita gente que pensam que este serviço é uma publicidade de uma empresa…”.

Para além disso, há denúncias de casos em que certos fiscais da EMTPM, quando estão perante pouca gente nos autocarros, aceitam embarcar passageiros sem o MBORALA e o dinheiro vai para os bolsos deles.

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