Os cientistas produziram o primeiro mapa em três dimensões da superfície abaixo do gelo do mar da Antárctida, o que vai ajudá-los a entender melhor o impacto das mudanças climáticas na região.
Uma equipe de cientistas de oito países usou um robô submarino para traçar o mundo congelado e invertido de montanhas e vales, permitindo medições precisas da crucial espessura do gelo do mar da Antárctida.
Ao combinar os dados com medições feitas a partir do ar da superfície de gelo e neve, os cientistas podem agora medir com precisão as alterações na espessura do gelo e entender melhor os efeitos do aquecimento global.
“A espessura do gelo é considerada entre os cientistas do clima um santo graal para a determinação das mudanças no sistema”, disse o glaciologista marinho da Antárctida Jan Lieser à Reuters.
“Se pudermos determinar a alteração na espessura do gelo, pode-se estimar a taxa de mudança que se atribui ao aquecimento global.”
Os cientistas têm dados da espessura do gelo para a região do Árctico que remonta à década de 1950, permitindo a análise das mudanças no Oceano Árctico, mas dados similares não estão disponíveis para o gelo em torno do continente no pólo sul.
Lieser, que está a bordo de um navio quebra-gelo australiano nas águas antárcticas, faz parte do projecto Experimento de Ecossistemas e Física do Mar de Gelo, envolvendo cientistas da Austrália, Bélgica, Canadá, França, Alemanha, Japão, Nova Zelândia e Estados Unidos.
Eles estão a usar um robô submarino que se desloca cerca de 20 metros abaixo do gelo e viaja num padrão de linhas em grade, utilizando sonares multi-feixe para medir o lado de baixo do gelo.
“Podemos realmente obter uma imagem 3D completa do que estamos a medir. Isso nunca foi feito antes e é realmente emocionante”, acrescentou Lieser.
Os resultados vão ajudar a definir uma linha de base para estabelecer como a mudança climática afecta o mar congelado da Antárctida. Os cientistas também serão capazes de examinar como as mudanças do gelo do mar afectam o ecossistema.