A mansão para antigo Presidente da República, em construção no distrito urbano de Katembe, doutro lado da Baía de Maputo, deverá ser entregue “dentro em breve” ao Governo depois de mais de cinco anos de obras, na zona de Djidjidji, num processo prenhe de conflitos com pelo menos 60 camponeses residentes no bairro.
Sem apresentar detalhes, o ministro das Obras Públicas e Habitação, Cadmiel Muthemba, revelou esta quarta-feira ao Correio da manhã que “as obras já estão concluídas e dentro em breve iremos proceder à entrega formal do complexo ao Governo”. A uma pergunta do Cm sobre as razões de mais uma dotação orçamental de cerca de 15 milhões de meticais, no Orçamento de 2010, “para a construção do complexo residencial do ex-Presidente da República”, conforme vem expresso no documento contendo o Orçamento do Estado para este ano, Muthemba disse que “o valor é para pequenas obras de acabamento” não especificadas.
A dotação orçamental de 2005, lembre-se, consignou uma verba de 50 milhões de contos para a construção de um edifício principal de um piso, anexos para pessoal de segurança e empregados, parque de estacionamento de viaturas, piscinas, campos de jogo e muro de vedação, num total de 40 divisões.
Areias pesadas
Entretanto, para além de conflitos com os camponeses que residiam e tinham áreas de produção agrícola no bairro baptizado com o nome do antigo régulo Djidjidji, há muito tempo falecido, regista-se também a ocorrência de areias pesadas “em bolsas não da dimensão das areias pesadas de Moma, em Nampula, e de Chibuto, em Gaza”, segundo fonte competente do Ministério dos Recursos Minerais ouvida pelo Correio da manhã em Fevereiro de 2005.
Conflito com os nativos
Esta potencialidade foi na altura confirmada por Marta Tembe, Adelaide Macuácua e Rabia Tembe que contaram ter protestado contra a desocupação das suas antigas casas e áreas de cultivo “por ordens do administrador. Pelo que, e contra a nossa vontade, estamos à espera da evacuação para bem longe daqui”. O então administrador da Katembe, Reis Maússe, confirmou a evacuação “mediante uma indemnização e construção de novas casas para as pessoas que estão a ser retiradas do bairro”, medida executada após negociação com os abrangidos, segundo ainda Maússe.