Mulheres vestidas de preto marcharam, esta segunda-feira (28), carregando mais de 70 caixões em Honduras como símbolo de protesto contra a onda de assassinatos de mulheres ocorridos nos últimos anos, muitos deles vinculados com o narcotráfico que assola o país.
As mortes violentas de mulheres em Honduras passaram de 295 em 2007, para 636 em 2013, segundo os dados do Observatório da Violência da Universidade Nacional Autônoma de Honduras (UNAH), patrocinado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
As organizações feministas garantem que 99 por cento dos crimes estão impunes, o que incentiva o fenômeno ligado à violência desenfreada que aflige o país, que, por sua vez, está relacionado com as actividades dos cartéis de drogas mexicanos.
Em Honduras, o país com mais assassinatos no mundo, é frenquente a descoberta de cadáveres de mulheres em rios ou lugares remotos. Nas ruas das cidades e povoados, corpos mutilados, com ferimentos de bala na cabeça e mãos amarradas ou embrulhados em sacos plásticos ou cobertores são frequentemente encontrados.
O país centro-americano também é um dos mais pobres da América. As mulheres que carregaram os caixões com flores reuniram-se bem cedo na rua em frente à sede do governo em Tegucigalpa, interrompendo o tráfego de veículos, e, em seguida, marcharam até a sede da Corte Suprema de Justiça, em um protesto inédito pelo número de caixões usados.
“As mulheres são vítimas de vinganças de actos dos homens, sejam eles parentes, maridos ou namorados que estão envolvidos no crime organizado. Isso tem que ser contido, o governo deve agir para acabar com esta matança”, disse à Reuters Suyapa Martínez, director do Centro para os Direitos das Mulheres.
Os manifestantes também levaram até um local próximo à sede do governo 10 sacos plásticos pretos como se contivessem cadáveres, com os nomes de mulheres que apareceram mortas desta maneira no país.
O relatório do Observatório da Violência garante que em 2012 190 mulheres, das 606 assassinadas naquele ano, foram vítimas da violência organizada, mas que apenas 1,6 por cento se envolveu com o narcotráfico.
Segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Honduras tem a taxa mais alta de homicídios no mundo, com 90,4 assassinatos para cada 100.000 habitantes.
