Centenas de manifestantes marcharam na capital de Burkina Faso, esta sexta-feira (31), para exigir a renúncia do presidente Blaise Compaore, um dia depois de os militares dissolverem o Parlamento e anunciarem um governo de transição no seguimento dos protestos violentos.
“Nós não lhe queremos. Queremos-lhe fora do poder. Ele não é nosso presidente”, disse o manifestante Ouedrago Yakubo à Reuters. Os manifestantes reuniram-se na principal avenida da capital Ouagadougou e em frente ao quartel-general dos militares.
Compaore, um aliado próximo da antiga colonizadora França que tomou o poder num golpe em 1987, disse na noite da quinta-feira que permaneceria no cargo para comandar um governo de transição até depois das eleições.
O anúncio do presidente foi feito depois de o chefe das Forças Armadas, general Honoré Traoré, dizer que iria abrir negociações com todos os partidos políticos para a criação de um governo interino, com o objectivo de organizar eleições democráticas no país da África Ocidental no prazo de um ano.
Benewede Sankara, um proeminente membro da oposição, disse que o comunicado de Troaré era equivalente a um golpe militar. “A saída de Compaore é uma condição e não negociável. Por 27 anos, Compaore tem nos ludibriado. Mesmo agora, ele está tentando nos enganar e enrolar as pessoas”, disse ele à rádio RFI.
Pelo menos três manifestantes foram mortos a tiros e vários outros ficaram feridos em confrontos com as forças de segurança na quinta-feira, quando os manifestantes atacaram símbolos do longo governo de Compaore, saquearam e atearam fogo ao Parlamento e ocuparam a TV estatal.
Os acontecimentos em Ouagadougou estão a ser acompanhados de perto por uma geração de líderes há muito no poder em países da África, que estão a prevenir-se contra limites constitucionais dos seus mandatos.