Os manifestantes antigovernamentais declararam esta terça-feira que aceitam o plano do primeiro-ministro tailandês Abhisit Vejjajiva para fazer o país sair da crise e que prevê eleições legislativas antecipdas para 14 de novembro. Mas, por ora, os manifestantes dispensa a dispersão para esperar por maiores detalhes do plano governamental.
Vejjajiva, cuja renúncia incondicional era exigida desde março passado pelo movimento dos “camisas vermelhas”, entrincheirado no coração turístico de Bangcoc, propôs um “mapa do caminho” no qual promete eleições sob certas condições. “Os dirigentes dos ‘camisas vermelhas’ aceitaram de forma unânime o ‘mapa do caminho’ oferecido pelo primeiro-ministro para evitar novas perdas de vidas humanas”, declarou Veera Musikapong, um dos principais líderes do movimento oposicionista.
Ficou acertado que os manifestantes antigovernamentais e o governo tailandês conversarão sobre uma possível anistia para os líderes dos “camisas vermelhas”, no caso de um acordo pacífico para superar a crise. O ex-premier tailandês Thaksin Shinawatra, no exílio, contratou um escritório de advocacia para assessorar os “camisas vermelhas”, seus partidários que defendem a queda de Vejjajiva, em relação à proposta oficial. Um comunicado divulgado por Thaksin afirma que ele contratou o escritório Amsterdam & Peroff para “dar assistência na luta pela restauração da democracia e do estado de direito”.
Na véspera, em um discurso televisionado, o primeiro-ministro afirmou que a agenda eleitoral era assunto de todos os partidos, que concordaram em um programa de reconciliação envolvendo cinco pontos que tem como objetivo encerrar a crise. O plano exige respeito à monarquia, mais igualdade social, mídia imparcial, pesquisas eleitorais independentes em meio à crise política atual e um debate em torno de reformas constitucionais. Representando as camadas mais pobres da população do país, os “camisas vermelhas” ocupam algumas regiões de Bagcoc desde meados de março, deflagrando estado de emergência com suas tentativas de derrubar um governo que eles veem como elitista e antidemocrático.
Houve uma série de fortes confrontos entre os manifestantes e as forças de segurança em Bangcoc, onde 27 pessoas morreram e aproximadamente 1.000 ficaram feridas no mês passado. Os “camisas vermelhas” reforçaram os bloqueios nas estradas e aumentaram as medidas de segurança nas regiões sobre as quais detêm controle, que foram fortalecidas com barricadas formadas com pneus de caminhão, arames farpados e estacas de bambu.
O primeiro-ministro rejeitou no mês passado um compromisso dos “camisas vermelhas” de cessar os protestos caso as eleições fossem realizadas nos próximos três meses, mas os manifestantes mudaram a demanda original para eleições imediatas. Em março, o premier ofereceu a convocação de eleições para o fim de 2010 – um ano antes do marcado – para encerrar os protestos, mas os líderes dos manifestantes rejeitaram a proposta. Uma tentativa frustrada do Exército, realizada em 10 de abril, de retirar os manifestantes da área ocupada em Bangcoc desencadeou uma onda de confrontos nas ruas que deixaram 27 mortos e centenas de feridos.
“A operação deveria acabar com o problema, não causar outros”, afirmou o porta-voz do Exército, Sansern Kaewkamnerd, acrescentando que as forças de segurança iriam utilizar veículos blindados para retomar as áreas. Muitos “camisas vermelhas” exigiam o retorno do ex-premier Thaksin Shinawatra, que foi derrocado em um golpe de Estado promovido em 2006 e que hoje vive no exterior para não ser preso sob a acusação de corrupção. Os protestos fizeram com que diversos hotéis e lojas fossem fechadas, fazendo com que governos estrangeiros alertassem sobre o perigo de viajar ao país, o que provocou uma grave crise no setor de turismo. O movimento dos “camisas vermelhas” sofreu fortes críticas depois que em torno de 100 manifestantes atacaram por engano um hospital na última quinta-feira, acreditando que o local abrigava forças de segurança.