A polícia grega usou gás lacrimogêneo e jactos de água contra manifestantes que lançavam bombas incendiárias dentro do Parlamento, Quarta-feira (7), numa das maiores manifestações dos últimos meses contra medidas de austeridade.
Os parlamentares preparavam-se para votar impopulares gastos orçamentários e reformas trabalhistas, enquanto no lado de fora um protesto com cerca de 100 mil participantes terminou em confronto entre alguns manifestantes e a tropa de choque da polícia.
Fumaça e pequenos incêndios eram vistos numa rua próxima. Dentro do Parlamento, a situação também era caótica. A sessão chegou a ser interrompida por causa de uma greve de funcionários parlamentares contra um artigo que previa a redução dos seus salários.
Num humilhante recuo, o governo precisou de revogar essa cláusula para que a sessão prosseguisse. A violência no exterior do prédio começou quando um grupo de manifestantes tentou violar as barricadas e entrar no Parlamento.
De noite, uma multidão já havia enfrentado uma tempestade carregando bandeiras e cartazes com frases como “São eles ou nós”, e “Acabem com esse desastre!”. “Lutem! Eles estão a beber o nosso sangue”, gritavam os manifestantes, que lotavam a praça Syntagma e ruas próximas.
Grandes bandeiras da Itália, Portugal e Espanha – outros países europeus acuados pela crise financeira – eram agitadas em sinal de solidariedade.
As medidas de austeridades são uma exigência dos credores internacionais para liberar uma nova parcela do pacote destinado a impedir uma moratória da dívida externa grega.
Os cortes orçamentários em discussão no Parlamento estão acompanhados por medidas que facilitam a contratação e demissão de empregados.
O partido Esquerda Democrática, que participa da coligação de governo, recusou-se a apoiar essa reforma, dizendo que ela reduziria ainda mais os já desgastados direitos trabalhistas.
Vários parlamentares de outro partido da coligação, o socialista Pasok, também recusaram-se a votar.
Apesar disso, o partido conservador Nova Democracia, do primeiro-ministro Costas Samaras, e o restante da bancada do Pasok devem ser suficientes para garantir a aprovação.
No segundo dia da greve geral contra as medidas, os transportes, escolas, bancos e órgãos públicos não funcionaram.
“Essas medidas estão a matar-nos pouco a pouco, e os parlamentares não estão nem aí”, disse Maria Aliferopoulou, 52 anos, mãe de dois filhos, que vive com cerca de mil euros por mês. “Eles são ricos, têm tudo, e nós não temos nada e estamos a lutar por migalhas, pela sobrevivência.”