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Mambas, a chave está no equílibrio táctico

Mambas

As principais variantes e as principais lacunas da dinâmica táctica dos Mambas. Tudo se pode resumir a uma questão de equilíbrio táctico-colectivo que nem sempre foi conseguido com imaginação e total coesão entrelinhas. O jogo contra a Tunísia, por exemplo.

Com o quarteto defensivo definido desde o início, o debate situa-se na primeira linha do meio-campo. Com Genito longe da sua melhor intensidade de forma física, Mart entrou no segundo jogo (Tunísia) com uma dupla pivô, Simão e Hagy, que nunca revelou mecanização de movimentos, impedindo a equipa de unir as distintas linhas do meio-campo. Um desequilíbrio que seria contrariado na segunda parte com a entrada de Genito, o recuo de Miro para lateral esquerdo, ao mesmo tempo que Dominguez iniciou o seu processo de explosão exibicional.

Moçambique, assim, resgatou o equilíbrio e os elos de ligação entre as três zonas do meio-campo: zona de recuperação: Simão; zona de transição: Hagy; zona de construção: Genito.

Como deve jogar Moçambique

O castigo de Miro abre espaço para Genito regressar ao onze. Assim, Mart pode esboçar o melhor onze para atacar os três pontos, num jogo que se avizinha difícil já que os quenianos, depois de duas derrotas, vão tentar pontuar a todo o custo.

Melhor onze porque sempre que Genito jogou como médio ofensivo as linhas estiveram sempre unidas, nas suas diferentes dinâmicas posicionais e mesmo contra a Nigéria Moçambique controlou o jogo (espaços e tempos). Quando, ao invés, elas se partiram, a mecanização colectiva (velocidade e precisão de passe) desvanecia- se – primeira parte contra a Tunísia.

No processo ofensivo, Moçambique, incapaz de jogar num 4x4x2 puro, deve apostar nas trocas posicionais para incutir variantes a um sistema que, por vezes, após ser detectado pelo radar defensivo do adversário, se torna pouco imaginativo.

Principais variantes: Os movimentos interiores de Tico-Tico e Dominguez em aproximação ao ponta de lança (Dário), arrastando marcações, acompanhado ao mesmo tempo no descair para o respectivo flanco entretanto vazio do médio centro de segunda linha (Genito), ou, noutra dinâmica, na subida de um lateral (quase sempre Paíto), enquanto Momed Hagy, sem perder referências de transição defensiva, soltase no terreno, de forma ao onze procurar sempre o controlo dos espaços (linhas de passe e recuperação) no corredor central.

Principal lacuna: a falta de mecanização entre o meiocampo e os avançados Tico- Tico e Dominguez são a nossa pecha, já que Dário é obrigado a recuar para receber a bola e sai da zona de definição. Ou seja, faltam diagonais sem bola do ponta de lança e passes verticais dos médios a solicitar desmarcações dos homens mais avançados. Sem essas linhas de passe, o nosso futebol anda à procura do mais importante no futebol: o golo.

Tudo se pode resumir, portanto, a uma questão de equilíbrio táctico-colectivo. Moçambique não o sabe desenhar durante a maior parte do tempo, não basta que a bola percorra todo o campo. Deve-se defender bem mas atacar com segurança e, nos jogos mais fechados, sem sistemas alternativos, não ficar refém dos rasgos individuais de Tico-Tico ou Dominguez.

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