Mais um ano moribundo caminha para o seu crepúsculo. O cenário actual do país é aterrador e a esperança, essa, foi a primeira a morrer. Com ela foi o futuro trucidado pelas engrenagens da auto-estima e da inexorável força da mudança. Realmente mudamos muito, mas muito poucos podem gritar a plenos pulmões que este foi um ano positivo.
É, portanto, irrefutável que Governo moçambicano prossegue na sua habitual mediocridade, apostando no atraso do país e, consequentemente, adiando o fim do sofrimento de um povo que vive na fatídica ilusão de que dias melhores virão.
2012 não foi apenas mais um ano mau para os moçambicanos, porém, um exercício de sobrevivência mais difícil, uma vez que o poder de compra dos cidadão ficou reduzido a zero com o aumento dos preços de bens de primeira necessidade e da tarifa dos transportes públicos.
Tudo indica que o próximo ano não será diferente. À semelhança deste ano, os moçambicanos continuarão a ser obrigados a apertar o cinto e a viver à pão e água para que não falte combustível nas luxuosas viaturas dos gestores públicos, por sinal adquiridas com o dinheiro retirado dos cofres do Estado, ou para que estes continuem a visitar os seus parques de diversões que são os hipermercados da vizinha África de Sul.
Diga-se, em abono da verdade, nunca na história recente de Moçambique se assistiu a tanta privação e sacrifício (forçados, diga-se) por parte do povo para garantir o capricho de um punhado de pessoas que dirige o país, cujo único sentido de economia é o esbanjamento desenfreado dos bens públicos.
Passam 37 anos de independência, mas o povo moçambicano continua a viver numa desgrenhada miséria, debatendo-se com problemas gritantes de falta de água, corrente eléctrica, além de acesso precário à Saúde e à Educação. Na verdade, volvido este período, pouco ou quase nada foi feito para oferecer aos moçambicanos uma vida condigna.
A escassos dias do término do ano, uma coisa é certa: Moçambique ainda é um país extremamente empobrecido, vulnerável, refém das armadilhas do FMI e do Banco Mundial, dependente da famosa “caridadezinha” internacional, e o povo continua a ser feito de besta de carga.
O que torna o próximo ano sombrio é a indicação que nos chega dos discursos da liderança. Não, como é óbvio, a intenção de mudar. Continuará tudo na mesma. O lambebotismo não deixará de ser o requisito fundamental para a ascensão social nas teias do poder. O culto de personalidade a muleta deste primeiro.
Só uma coisa poderá deixar feliz os moçambicanos em 2013. Faltará somente um ano para podermos reivindicar nas urnas o nosso descontentamento. É bom que não nos esqueçamos disso. Afinal, quem governa as pessoas como animais merece, pelo menos uma vez na vida, um pontapé na bunda.