Mais dois cidadãos, identificados pelos nomes de João Ernesto e Albino Machael, de 29 e 25 anos de idade respectivamente, foram linchados na cidade da Beira, nesta terça-feira(08), por populares que os acusam de serem assaltantes. O jovem João acabou por não resistir aos ferimentos e perdeu a vida no Hospital Central da capital da província de Sofala.
A vítima mortal foi interpela cerca das 4 hora da manhã, segundo a esposa, citada pelo jornal Diário de Moçambique, enquanto fazia os seus exercícios físicos no bairro de Chipangara.
Os populares, que por motivos desconhecidos identificaram João Ernesto como criminoso, espancaram-no brutalmente com paus e pretendiam queima-lo ainda com vida. A intervenção de outros cidadãos permitiu que João não fosse queimado vivo mas acabou por não resistir aos ferimentos, após ser transportado para o Hospital Central da Beira(HCB).
Já no bairro de Maraza um outro jovem terá sido alegadamente surpreendido a tentar arrombar uma residência e os populares detiveram-no e agrediram-lhe. A intervenção de membros da polícia comunitária local impediu que Albino fosse queimado vivo pois os populares já tinham preparado um pneu, petróleo e outros objectos inflamáveis.
O jovem foi transportado para o HCB onde se encontra a receber tratamentos intensivos devido aos ferimentos que contraiu, particularmente na cabeça.
“Os linchamentos têm como alvo jovens desempregados do sexo masculino. Nas periferias mal iluminadas, pouco policiadas, lá onde o Estado escasseia, isto é – onde falta polícia e iluminação – é onde acontece o linchamento” afirmou à DW África o sociólogo moçambicano, Carlos Serra, do Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane, que há anos estuda este fenómeno que se repete com frequência não só na cidade da Beira mas também nas cidades do Chimoio, Nampula e Maputo.