Dos 1.200 médicos filiados à Associação Médica de Moçambique (AMM), dos quais 987 assinaram a carta de adesão à greve observada esta segunda-feira (07), à escala nacional, 908 não se apresentaram aos seus postos de trabalho. A AMM reafirma que a greve continua esta terça-feira (08) e só irá terminar quando o Governo ceder em relação às exigências dos médicos.
Neste momento, a “batalha” da classe médica é dobrar o Governo e fazê-lo aprovar um salário básico acima dos 20 mil meticais propostos na primeira ronda de negociações, em Dezembro passado.
Para além de outras exigências, o que precipitou a greve foi o facto de o Governo ter apresentado, em Dezembro passado, um salário básico de 20 mil meticais para os médicos e, contra as suas expectativas, a 03 de Janeiro corrente, a meio das negociacões, ter avançado uma outra proposta salarial de 18 mil meticais, o que “ofendeu a dignidade” da classe. Estes recusaram o valor na hora alegando que estava desajustado com o tipo de trabalho que fazem.
Relativamente à repercussão da greve, em todos os hospitais do país só os serviços de urgência não ficaram paralisados porque são os únicos que não estavam abrangidos.
Em Nampula, por exemplo, o @Verdade fez uma ronda pelos hospitais locais e constatou que um número considerável de médicos ficou em casa. Somente os médicos afectos aos centros de saúde não aderiram à greve porque ocupam cargos de chefia e temem represálias das hierarquias. O Hospital Geral de Marrere, arredores da cidade, nenhum médico fez-se presente no seu posto de trabalho.
No Hospital Central de Nampula (HCN), a maior da região Norte do país, a ausência dos médicos se fez sentir bastante nos departamentos de ortopedia, pediatria, medicina, cirurgia, obstetrícia e ginecologia. O director-geral do HCN, Moisés Alberto Lopes, confirmou a situação e desdramatizou-a afirmando que não teve implicações graves no atendimento aos utentes porque foram tomadas medidas cautelares a tempo. Houve movimentação do pessoal nos postos deixados vagos pelos grevistas para garantir o decurso normal dos trabalhos, principalmente, nas consultas externas e enfermarias.
Num contacto telefónico com o director Provincial de Saúde de Nampula, Mahomed Riaz, o @Verdade ficou a saber a greve faz-se sentir tanto na cidade de Nampula em relação aos distritos, onde o trabalho decorrem sem casos alarmantes. No Hospital Geral de Mavalane, em Maputo, segundo a directora do Banco de Socorros, Edna Nhampalele, disse ao @Verdade que os serviços externos e todas as enfermarias funcionaram apenas com os enfermeiros.
Entretanto no Hospital provincial de Quelimane médicos estrangeiros, de nacionalidade norte-coreana e cubana, asseguraram o funcionamento da maior unidade Hospitalar da província da Zambézia.
Em Maputo médicos aposentados e outros que já não desempenham funções nas Unidades Hospitalares foram mobilizados para garantir os serviços clínicos nos Hospitais Central, José Macamo e Mavalene.
Médicos do Hospital Militar foram também destacados para apoiarem o tratamento de doentes nas maiores unidades hospitalares de Moçambique.
Informações na posse do @Verdade dão conta que no distrito de Moamba a administradora local mobilizou alguns agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) e andou de casa em casa para mandar os médicos irem, compulsivamente, trabalhar. Obedecerem, mas chegados aos postos trabalho ficaram de braços cruzados.
Em Inhambane, o Secretário Permanente local usou também da sua influência política e fez uma rusga pelas casas obrigando os médicos a se presentarem nas unidades sanitárias.