Mais de 20.000 muçulmanos bósnios lembraram este sábado em Srebrenica (leste da Bósnia) o massacre de 1995 de 8.000 muçulmanos pelas tropas sérvio-bósnias, na matança mais grave na Europa desde a Segunda Guerra mundial (1939-1945). Pela primeira vez, o evento também foi lembrado nos países da União Europeia (UE), depois que uma resolução foi aprovada em janeiro pelo Parlamento Europeu.
A Croácia também proclamou o 11 de julho como dia de recordação do genocídio de Srebrenica. A cerimônia, que aconteceu no cemitério de Potocari, na entrada de Srebrenica, foi marcada pelo sepultamento dos restos de 534 vítimas identificadas, que tinha entre 14 e 75 anos no momento da tragédia.
O primeiro-ministro sérvio, Mirko Cvetkovic, afirmou este sábado que julgar os responsáveis pelo genocídio de Srebrenica é uma condição necessária para a reconciliação nos Bálcãs. “Julgar os criminosos é uma das principais condições para a reconciliação e a instauração de uma paz duradoura na região”, afirma Cvetkovic em um comunicado divulgado em Belgrado.
O massacre é considerado a maior matança na Europa desde a Segunda Guerra Mundial e apontado como genocídio pela Corte Internacional de Justiça. Munevera Begic, que enterrou o pai Hajrudin, continua ainda tomada pelas recoerdações dos momentos anteriores ao massacre. “Tinha 14 anos entao. Ele me levava pela mão quando nos separaram. Sempre lembro-me desse momento”, conta a mulher, com os olhos úmidos. Hatidza Mehmedovic, de 60 anos, nunca mais encontrou o filho. “Apesar da tragédia, a pessoa fica feliz quando encontra os ossos do filho. Mas eu ainda não tive essa sorte”, soluçou.
Restos de 3.200 pessoas identificadas, depois de serem exumadas de 70 valas comuns da região, já foram enterradas em Potocari desde a inauguração do monumento à memória dos mortos, em 2003. Mas na Bósnia, dividida desde o fim da guerra de 1992-95 em duas entidades, uma sérvia e outra croato-muçulmana, a iniciativa do Parlamento Europeu não provoca unanimidade. Um projeto de lei que prevê um dia de recordação em todo o país foi bloqueado no parlamento pelos deputados sérvio-bósnios.
As autoridades sérvio-bósnias reconheceram, em 2004, que as forças sérvias massacraram 8.000 muçulmanes de Srebrenica, no entanto condenam a resolução do Parlamento Europeu, alegando que a comemoração deve ser para todos os 100.000 mortos do conflito bósnio.
O primeiro-ministro britânico Gordon Brown expressou seu apoio e sua simpatia aos sobreviventes do massacre que representa, segundo seu comunicado, “o dia mais sombrio da história da Europa desde a Segunda Guerra Mundial”. “A prisão de Karadzic mostra que os responsáveis pelo genocído (de Srebrenica) podem se evadir das responsabilidades não escaparão da justiça”, afirmou Brown.
Acusado pelo massacre de Srebrenica, o ex-chefe político dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic, foi detido em julho de 2008 em Belgrado depois de 13 anos foragido. Ele será julgado pelo TPI por genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Por sua parte, o ex-chefe militar das forças sérvio-bósnias, Ratko Mladic, que é acusado pelos mesmos crimes, continua foragido.