Um total de 167 trabalhadores da Síner-Segurança, vocacionada na protecção de pessoas e instituições, entre outras, na província de Nampula, está, desde ontem, em greve pacífica, reivindicando o pagamento de salários em atraso referentes a três meses, bem como das diferenças que não lhes são pagas desde o ano de 2007.
Os trabalhadores ameaçam em fechar as portas daquela empresa na província, caso a situação não seja resolvida até amanhã, quarta-feira. No rol do caderno reivindicativo, consta, ainda, a ausência de canalização dos descontos salariais ao Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) desde 2004, inobservância do horário normal de trabalho, desconsideração da entidade em relação à massa laboral, que se traduz em ausência de diálogo, entre outras.
Rafael Amisse, delegado regional da Síner-Segurança, confrontado pelo nosso jornal a propósito, reconhece a legitimidade das reivindicações dos trabalhadores, mas alega que a resolução do imbróglio ultrapassa as competências que lhe foram atribuidas e, por conseguinte, depende apenas da sua chefia sediada na capital do país, a quem, aliás, já foi reportado oportunamente.
Por seu turno, Amisse Cololo, director provincial do Trabalho em Nampula, que, ontem, teve de se dirigir àquela instituição para se inteirar da situação, disse que a empresa em causa está perante uma grave violação da lei laboral em vigor no país.
Há uma grande necessidade de os gestores das empresas serem capacitados em matérias jurídicas e financeiras para evitar a ocorrência de tais situações. Observou Cololo, referindo que a direcção provincial do Trabalho emitiu, anteriormente, vários avisos de multas à empresa em causa, que, entretanto, continuam por regularizar, facto que deixa agastado o sector que dirige.
Também não tiveram qualquer efeito os vários contactos que estabelecemos com a própria entidade patronal no sentido de se deslocar a Nampula afim de resolver o problema. Afirmou o nosso entrevistado, acrescentando que, ainda, na manhã de ontem, tentou, sem sucesso, um novo contacto com a direcção da Siner-Segurança para por termo ao litígio.
Joaquim Raul Mateus, secretário executivo da Organização Sindical dos Trabalhadores de Nampula (OTM), confirmou a legitimidade da reivindicação dos referidos seguranças, que se arrasta há dois anos.
É um facto indesmentível de que a empresa está a tentar fugir às suas obrigações em relação aos trabalhadores. Mas, vamos trabalhar em coordenação com o governo no sentido de o problema ser resolvido com a necessária urgência, enquanto, entretanto, a manifestação dos trabalhadores irá continuar de forma pacífica. Sublinhou Mateus.
De referir que a empresa Síner Segurança disponibilizou-se em pagar apenas salários de um mês, enquanto os trabalhadores reclamam o pagamento da totalidade dos três meses em atraso.