A noite de distúrbios e protestos na cidade de Ferguson, no Estado norte-americano do Missouri, terminou com dois homens baleados, um deles na mão, e 31 detidos. As manifestações seguem-se a morte do jovem afro-americano Michael Brown por um polícia branco, no passado dia 9. Segundo o relatório preliminar, de uma autópsia independente, Brown foi alvejado por “pelo menos seis disparos, dois deles na cabeça”.
Os protestos pacíficos ficaram violentos ao cair da noite e apesar do envio da Guarda Nacional diante dos “delinquentes, não manifestantes” como afirmou o comando policial, citado pelo jornal “Washington Post”. Johnson afirmou que nenhum agente policial participou dos tiroteios, e acrescentou que não há ainda informação sobre a identidade dos feridos.
O deslocamento da Guarda Nacional não conseguiu apaziguar a tensão numa das noites com maiores distúrbios desde o começo dos protestos raciais há pouco mais mais de uma semana após a morte do jovem negro desarmado Michael Brown por um policial. Centenas de manifestantes voltaram a ocupar a Avenida West Florissant, em Ferguson, epicentro dos protestos, numa concentração que começou pacífica e terminou com enfrentamentos, detenções, dois feridos de bala e o uso de gás lacrimogéneo e bombas de fumaça para dispersar o protesto.
A tensão cresceu a partir das 22h locais, quando a polícia começou a avisar os manifestantes que deviam sair da rua se não quisessem ser detidos, depois de várias pessoas lançarem coquetéis molotov, garrafas e outros objectos contra os agentes. Quase duas horas depois, logo antes da meia-noite em Ferguson, os agentes começaram a avançar contra os manifestantes, com material anti-distúrbios e alertando através dos alto-falantes que a área deixou de ser segura, que as pessoas deveriam voltar para suas casas e os jornalistas deviam sair da área dos protestos.
A maioria dos manifestantes atendeu a ordem, embora um pequeno grupo, de menos de cem pessoas, resistiu.
Brown foi morto por tiro na cabeça
Segundo o relatório preliminar de uma autópsia independente, Brown teria “sobrevivido” a todos os tiros, “exceto ao último, que acertou a cabeça”, disse Michael M. Baden, ex-responsável de medicina legal da cidade de Nova York. “Os tiros na cabeça foram provavelmente os últimos efectuados contra Michael Brown”, disse ainda Baden em conferência de imprensa, à qual compareceu acompanhado pelos advogados da família do jovem.
Brown, de 18 anos, foi baleado no dia 9 de Agosto pelo policia identificado como Darren Wilson, mesmo estando desarmado. As versões da polícia e das testemunhas são diferentes.
Baden acrescentou que os disparos “não foram feitos a curta distância” e que não havia “sinais de luta” no corpo de Brown. A versão policial alega que o jovem investiu contra o agente e que este precisou passar por atendimento médico devido às lesões sofridas no incidente.
Esta não será a última autópsia, já que o procurador-geral dos EUA, Eric Holder, ordenou que o pessoal médico federal faça uma segunda necrópsia, “devido às circunstâncias extraordinárias que envolvem o caso e a pedido da família de Brown”.