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Luso Cerâmica não honra os seus compromissos

Bom dia, somos trabalhadores da Luso Cerâmica, localizada na Avenida das Indústrias, ao pé da Kangela, Município da Matola. Estamos há dois (2) meses sem salários e o patronato paga no dia que lhe apetece.

Tentámos meter o caso no sindicato e este, por sua vez, foi falar com o director e não deu em nada, mesmo hoje (terça-feira) tentámos falar com o ele e a resposta foi de que não havia dinheiro para nos pagar mas a empresa produz e vende grandes quantidades de tijolos. O que é aborrecido é o director não aparecer para nos dar satisfação, e quando o faz é com desprezo.

Reacção da empresa

Em contacto telefónico, o director da empresa, João António Muane, reconheceu que os trabalhadores estão há dois meses sem receber mas escusou-se a prestar mais declarações alegando ser este um assunto interno, ou seja, diz respeito à empresa e aos trabalhadores, daí não haver, no seu entender, necessidade de o resolver na imprensa.

Mas a lista de reclamações não termina por aqui, aliás, ela é muita extensa. Os trabalhadores têm uma carga horária de nove horas, isto é, trabalham das 7 às 17 horas com um intervalo de uma hora, que nem sempre é cumprido. A empresa possui 37 trabalhadores e, como a questão dos atrasos no pagamento de salários não é de hoje, oito deles já abandonaram o emprego.

Vezes sem conta os trabalhadores têm sofrido cortes nos seus salários sem motivos e a empresa não lhes dá nenhuma satisfação. Esta e outras inquietações já levaram os trabalhadores a participar o caso ao sindicato mas este mostrou-se incapaz de o resolver, por motivos ainda desconhecidos.

Face à incapacidade do sindicato, os trabalhadores encaminharam o caso à Inspecção-Geral do Trabalho, estando neste momento a aguardar o desfecho.

Os números falam por si

A empresa Luso Cerâmica produz, em média, 88000 tijolos por mês, o que significa que a mesma produz 2933 tijolos por dia, estando o mais barato a ser vendido a 14,00 meticais, o que significa que a empresa arrecada 1 232 000,00 Mt (um milhão duzentos e trinta e dois mil meticais) por mês, tendo como base o preço do tijolo mais barato.

Os trabalhadores dizem que a empresa produz e vende todos os dias, por isso não há motivos para o patronato não pagar os salários.

O que diz a Lei do Trabalho?

1. Em relação ao horário de trabalho, a Lei do Trabalho, no número 1 do artigo 85, diz que “o período normal de trabalho não pode ser superior a quarenta e oito horas por semana e oito horas por dia”, o que a empresa não cumpre (a carga horária é de 9 horas), mas o mesmo “…pode ser alargado até nove horas, sempre que ao trabalhador seja concedido meio-dia de descanso complementar por semana, além do dia de descanso semanal”, o que não acontece na Luso Cerâmica.

2. A mesma lei, no seu artigo 54, número 5 alínea a), diz que o trabalhador tem o direito a “ser remunerado em função da qualidade e quantidade do trabalho que presta”, e no artigo 59, alínea e), diz que o empregador tem o dever de “pagar ao trabalhador uma remuneração justa em função da quantidade e qualidade do trabalho prestado”.

Nota da Redacção

Prometemos trazer, nas próximas edições, o pronunciamento da Inspecção-Geral do Trabalho sobre este caso que acreditamos ser uma preocupação de muitos trabalhadores que, por coincidência, comemoraram o seu dia no último domingo, dia 1 de Maio..

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