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Lóbi dos camiões força levantamento da proibição de volante à esquerda, mas lei tem de ser revista pelo Parlamento

Lóbi dos camiões força levantamento da proibição de volante à esquerda

Foto de Adérito CaldeiraO lóbi das empresas de transporte está a conseguir sobrepor-se ao interesse público de tirar os camiões de volante à esquerda das estradas de Moçambique, onde são um dos responsáveis por acidentes de viação. O ministro dos Transporte e Comunicações explicou ao @Verdade que motivos económicos e estratégicos determinaram a decisão do Governo rever o Código de Estrada. Porém a sua efectivação carece ainda de decisão da Assembleia da República.

O Executivo de Filipe Nyusi decidiu no passado de 5 de Março, durante a 7ª sessão Ordinária do Conselho de Ministro, aprovar a proposta de Lei que revoga o n.º 6 do artigo 117 da Lei 1/2011, de 23 de Março que proíbe a importação de veículos automóveis com volante a esquerda para fins comerciais, “com vista a adequar o Código de Estrada a actual realidade e impulsionar o desenvolvimento socioeconómico do País”.

Contudo, e mais do que uma concertação da Comunidade de Países da África Austral, a inclusão dessa norma no Código de Estrada em 2011 foi justificada pelo perigo que a condução de veículos de volante à esquerda representa num país onde a condução é feita pelo lado direito. Embora não existam estudo que o comprovem quem transite pelo Corredor da Beira presencia pelo menos um ou dois acidentes diários envolvendo um dos camiões de volante à esquerda que colidem com motos ou mesmo viaturas ligeiras.

Porém Carlos Mesquita declarou ao @Verdade que: “Analisando com toda a profundidade se o volante à esquerda é de facto a principal causa dos acidentes, na verdade é mais o factor humano”.

O ministro dos Transportes e Comunicações disse ao @Verdade que o Governo assentiu com a vontade dos proprietários das empresas de transporte, ironicamente Carlos Mesquita é um deles, por questões “de certo modo económicas e estratégicas”.

“Por exemplo quiser comprar 10 camiões de uma marca específica em 2ª mão não encontras em lado nenhum. Na Inglaterra ou noutros mercados pequenos consegues 2 ou 3, e custam 70 a 80 mil dólares, e não se consegue fazer a standardização da frota. No entanto num mercado como o dos Estados Unidos da América a oferta é imensa e pode-se comprar 200 camiões da mesma marca e modelo, cada um deles a 40 a 50 mil dólares”, explicou Mesquita.

O titular dos Transportes alertou ainda que mesmo que a norma de mantenha no Código de Estrada será um desafio para Moçambique impor a lei aos transportadores dos países vizinhos onde foi tentado implementar a proibição mas os governos voltaram atrás. “Portanto se é uma questão de segurança temos de proibir também os outros, como é que fazemos isso”, questionou.

De acordo com o governante: “A demanda de carga é cada vez maior em Moçambique e os sul-africanos estão a entrar porque as empresas nacionais não conseguem aumentar a frota. Há moçambicanos que estão a abrir empresas no Malawi e no Zimbabwe, onde podem importar camiões de volante à esquerda, e vêm operar em Moçambique”.

No entanto Carlos Mesquita indicou que como Moçambique incluiu a norma numa lei a sua revogação depende ainda da aprovação Assembleia da República. A ver se os deputados defendem o interesse Público ou prevalece a vontade dos transportadores privados de carga.

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