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Litoral da Somália é o centro da pirataria marítima mundial

As águas da Somália, um paupérrimo país do Chifre da África sem governo central e cenário de uma guerra civil desde 1991, se converteram numa zona-chave para a pirataria mundial, e dezenas de navios foram atacados nessa área em 2008.

Apesar do envio de navios de guerra à região, os ataques se multiplicaram ao longo dos 3.700 km do litoral somali. Navegando em lanchas rápidas lançadas a partir de “navios-mãe”, os piratas, armados com kalashnikov, lança-foguetes ou lança-granadas ampliam constantemente seu raio de ação.

A pirataria nesta região já não tem mais nada a ver com a que era praticada nos anos 80, quando simples pescadores assaltavam os navios pesqueiros estrangeiros acusados de pescar ilegalmente nas águas da Somália. Os atos de pirataria nesta parte do mundo desapareceram quase totalmente no segundo semestre de 2006, quando os Tribunais Islâmicos controlavam com mão-de-ferro algumas regiões do centro e do sul da Somália.

No entanto, os piratas voltaram rapidamente à ativa após a queda dos islamitas, no fim de dezembro de 2006. Em 2008, os ataques se multiplicaram no golfo de Aden, por onde passa 12% do comércio marítimo e 30% do petróleo mundial. Mais de 130 navios mercantes foram atacados no litoral somali, o que significa um aumento de mais 200% em relação a 2007, segundo o Escritório Marítimo Internacional.

O mês de abril de 2008 foi marcado por diversas ações espetaculares, entre elas os ataques do veleiro de luxo francês Le Ponant, com cerca de 30 pessoas a bordo, e do petroleiro japonês Takayama. Em setembro, os piratas invadiram o navio ucraniano Faina, que transportava armamento pesado como 33 tanques, sistemas de defesa antiaéreo e lança-foguetes.

O barco e sua tripulação só foram libertados no dia 5 de fevereiro deste ano, após 134 dias em poder dos piratas, mediante o pagamento de um resgate. A operação mais espetacular de todas continua sendo até hoje a captura do superpetroleiro saudita Sirius Star, em 15 de novembro no Oceano Índico.

Os piratas precisaram de apenas 16 minutos para tomar este navio de 330 metros de comprimento, que transportava dois milhões de barris de petróleo. O Sirius Star foi libertado em 9 de janeiro deste ano, depois do pagamento de um resgate. Seis piratas morreram quando a lancha onde estavam naufragou, junto com parte do dinheiro.

A libertação, nesta sexta-feira, do veleiro francês Tanit e de um navio-tanque norueguês marcaram uma nova etapa na série de atos de pirataria perpetrados nesta região. Capturado sábado no golfo de Aden, o veleiro e quatro reféns, entre eles uma criança, foram resgatados pelo Exército francês.

No entanto, um quinto refém, proprietário do barco e pai da criança, morreu na troca de tiros entre piratas e soldados, segundo o ministro francês da Defesa, Hervé Morin. O Bow-Asir, um navio-tanque norueguês capturado em 26 de março, também foi libertado, e os tripulantes estão sãos e salvos, anunciou nesta sexta-feira o armador da embarcação, o norueguês Salhus Shipping.

Na quarta-feira, um cargueiro com a bandeira dos Estados Unidos foi brevemente capturado, e o capitão americano, Richard Philips, continua em poder dos sequestradores, apesar de ter tentado fugir. Os sequestradores exigem uma recompensa para sua libertação. Diante da ameaça ao comércio marítimo mundial, a comunidade internacional se mobilizou.

A União Europeia disponibilizou uma força naval antipirataria para a região, assim como os Estados Unidos, que criaram uma força multinacional para proteger o tráfico marítimo. A China, o Japão e a Índia também enviaram navios de guerra.

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