O Likud, partido de Benjamin Netanyahu, chegou na noite deste domingo a seu primeiro acordo para formar uma coligação de governo, com o Israel Beiteinu, uma formação de extrema direita, revelou uma porta-voz.
“Um acordo de governo foi firmado entre o Likud e o Israel Beiteinu”, anunciou Miri Reihman, porta-voz do Likud, ao final de várias horas de negociações.
Em virtude do acordo, Israel Beitenu ficará com o ministério das Relações Exteriores, entregue a seu líder, Avigdor Lieberman, e com as pastas de Segurança Interna, Infra-estrutura, Turismo e Integração, segundo a porta-voz.
Este é o primeiro acordo firmado por Netanyahu desde que recebeu a missão de formar o futuro governo de Israel. O líder do Likud negocia ainda com o partido Shass (ultraortodoxos sefarditas, 11 deputados), a Lista Unificada do Tora (ultraortodoxos asquenazes, 5 deputados) e com dois partidos de extrema direita, a União Nacional (4 deputados) e Lar Judeu (3 deputados).
Segundo a rádio estatal, Netanyahu espera firmar outros acordos para a coalizão nos próximos dias, visando apresentar o novo governo já na quinta-feira. Israel Beitenu, que baseou sua campanha em temas antiárabes, obteve 15 cadeiras nas legislativas de 10 de fevereiro e se tornou o terceiro partido do país, atrás apenas do Likud (27 deputados) e do Kadima, a formação de centro (28 deputados) dirigida pela ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni.
O Likud tentou formar um governo de coalizão com o Kadima, para evitar o peso de uma associação com a extrema direita, mas Livni exigiu um compromisso com a ideia de “dois Estados para dois povos”, visando à criação de um Estado palestino.
Netanyahu rejeita a criação de um Estado palestino e prefere falar de “paz econômica”, que contemplaria melhores condições de vida para os palestinos na Cisjordânia. O ministro palestino das Relações Exteriores, Riad Malki, advertiu hoje para as consequências da formação de um governo israelense de extrema direita e oposto à paz, dirigido por Netanyahu.
Numa entrevista coletiva ao final de uma reunião com responsáveis da União Europeia, em Bruxelas, Malki disse que “o denominador comum entre estes partidos é que compartilham os mesmos princípios: são contrários à criação de um Estado palestino independente, não desejam uma solução com dois Estados, não acreditam na necessidade de negociar com os palestinos para se obter a paz e acreditam no uso da força como meio para obter benefícios políticos”.
“Semelhante governo deve ser descrito como um governo contra a paz”, destacou o chanceler, precisando que os palestinos “não têm interesse em discutir com um governo semelhante”. Malki pediu à comunidade internacional que “pressione para que um novo governo israelense se comprometa com a paz com os palestinos”.