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Liga Muçulmana “campeã de Inverno” sem derrota!

Liga Muçulmana “campeã de Inverno” sem derrota!

Terminou, no fim-de-semana último, a primeira volta do Campeonato Nacional de Futebol, o Moçambola, edição 2014. Sem nenhuma derrota em treze jogos, a Liga Desportiva Muçulmana sagrou-se “campeã de Inverno” com 33 pontos, a nove do segundo classificado, o Ferroviário de Nampula. Debaixo da linha de água ficaram as equipas do Estrela Vermelha da Beira, Têxtil de Púnguè e Ferroviário de Pemba.

Depois da conquista do troféu na época 2010 e revalidado em 2011, no seio da Liga Muçulmana nasceu um sonho ao redor de um objectivo que, na altura, levou o rótulo de “missão impossível”. Era, para todos os efeitos, um propósito que não engrandece uma competição que em todos os anos é disputada pelos chamados “candidatos crónicos ao título”.

No Inverno de 2012, Artur Semedo foi demitido do comando técnico daquela colectividade sem que conseguisse alcançar o referido objectivo. Entrou o português Litos Carvalha que, apesar de ter liderado uma equipa de sonho, que em apenas um ano e meio venceu quatro troféus, nomeadamente do Moçambola, da Taça de Moçambique e duas Supertaças, também não conseguiu manter a invencibilidade durante a primeira volta do Campeonato Nacional de Futebol.

Foi necessária, diga-se de passagem, a promoção de Sérgio FaifeMatsolo a treinador principal daquele emblema para que os muçulmanos fizessem, finalmente, história no futebol moçambicano.

Treze jogos… nenhuma derrota, um registo absolutamente inédito de que o país não tem memória viva. Terminada a primeira volta, a Liga Muçulmana lidera de forma isolada a tabela classificativa com 33 pontos, fruto de 10 vitórias e apenas três empates, curiosamente arrancados pelas formações do Ferroviário de Maputo (1 – 1) na segunda jornada, Desportivo de Maputo (0 – 0) na quarta e Estrela Vermelha da Beira (0 – 0) na 11ª ronda.

Uma obra que, como dissemos acima, é inédito, o que obrigou a direcção daquela colectividade a abrir os cordões à bolsa para premiar, como se de campeões se tratasse, os jogadores e a respectiva equipa técnica. Para além desse feito, os campeões nacionais em título terminaram a primeira metade deste Moçambola com o melhor ataque, 24 golos apontados em treze jornadas, o que dá uma média de dois tentos por jogo. Sofreram apenas seis, igualmente o melhor registo desta fase do Campeonato Nacional de Futebol.

Ferroviário de Nampula sem norte desde a sétima jornada

A equipa locomotiva da chamada capital do “Norte” foi, durante a primeira volta, a grande sensação do Moçambola. Terminou a fase “suspenso” na segunda posição, com 24 pontos, o mesmo registo do HCB de Songo embora em desvantagem por ter perdido, fora de casa, concretamente no Estádio 25 de Junho, por 1 – 0 diante do Ferroviário.

As primeiras seis jornadas desta prova foram surpreendentemente lideradas pelo conjunto treinado por Rogério Gonçalves, que só perdeu a primeira posição para a Liga Muçulmana no seu sétimo jogo, depois de um empate sem abertura de contagem diante do Desportivo de Nacala.

Antes do derby “nampulense”, o Ferroviário havia sido derrotado, por 0 – 1, pelo Costa do Sol, na sua primeira deslocação à cidade de Maputo. Em treze desafios, a equipa locomotiva somou sete vitórias, três empates e igual número de derrotas, o melhor registo de sempre, tendo superado as seis vitórias, seis empates e uma derrota que assinalou em 2004, ano em que conquistou o troféu da prova máxima do futebol moçambicano.

No que aos golos diz respeito, os pupilos do português Rogério Gonçalves destacaram-se por se terem tornado a terceira melhor defesa na medida em que sofreram, em treze jogos, oito golos, sendo superados pelo Maxaquene (sete) e líder Liga Muçulmana (seis).

Estrela, Têxtil e “Pembinhas” na luta pela vida

Contrariamente à obra dos muçulmanos da capital do país e da locomotiva do norte, o Ferroviário de Pemba registou a pior prestação durante a primeira volta do Moçambola. No fundo da tabela classificativa, ou seja, a iluminar a zona da despromoção, aquela colectividade, que regressou nesta época à elite do futebol moçambicano, conquistou apenas 10 pontos de39 possíveis.

O seu futebol irregular rendeu-lhe sete derrotas, quatro empates e apenas duas vitórias, um saldo positivo comparativamente ao ano em que desceu de divisão, em 2012, quando em igual período havia perdido 10 jogos e empatado três.

Marcou oito golos contra seis daquela temporada, tendo sofrido 14, contrariamente aos 24 de há dois anos. Ainda abaixo da linha de água encontram-se as formações do Estrela Vermelha da Beira, com 12 pontos, e o Têxtil de Púnguè com menos um, ambas da cidade da Beira.

Os colossos de nome e candidatos ao título só por tradição!

Os chamados “crónicos candidatos ao título”, nomeadamente Maxaquene, Costa do Sol, Ferroviário de Maputo e o Desportivo de Maputo, foram os que mais desiludiram os amantes do futebol durante a primeira volta do Moçambola que terminou no fim-de-semana último.

O encontro secreto que os quatro emblemas mantiveram antes do arranque da época, que durou cerca de quatro horas algures na baixa da cidade de Maputo, cujo tratado, segundo soubemos, resultou no “pacto de não-agressão” no que às transferências de mercado e folhas salariais diz respeito, bem como quanto à criação duma espécie de “vida negra” à Liga Muçulmana, parece não ter favorecido a ninguém. Dos mesmos, apenas o Maxaquene se encontra melhor posicionado na tabela classificativa, no quinto lugar, com 19 pontos.

O conjunto treinado por Chiquinho Conde até entrou bem na prova, mas não conseguiu conquistar mais do que dois pontos nos últimos seis jogos da primeira metade do Moçambola. O Costa do Sol, por sua vez, venceu cinco encontros, teve igual número de derrotas e um total de três empates, tendo terminado a primeira volta na sexta posição, um degrau abaixo do Maxaquene, com 18 pontos.

Numa situação incómoda e arrepiante encontra-se o histórico Ferroviário de Maputo que, para o momento que atravessa, incriminou os treinadores adjuntos, nomeadamente Danito Nhampossa e Victor Magaia, ora demitidos dos cargos, bem como o capitão da equipa, Whisky, despedido por supostamente minar o pretenso excelente trabalho desenvolvido por Victor Pontes.

Aquela colectividade tem apenas um ponto acima da zona da despromoção, tendo acumulado, em treze jogos, seis derrotas, quatro empates e apenas três vitórias. O primo divisionário clube alvinegro é o oitavo classificado com 16 pontos, um registo positivo comparativamente à prestação de 2012 quando carimbou a ida aos “quarteirões”.

“Chicotadas psicológicas” em número recorde

A primeira volta do Moçambola foi igualmente fustigada por uma onda de rescisões de contratos dos treinadores principais, num total de sete. Os maus resultados e desentendimentos com as respectivas direcções são apontados como sendo as razões deste fenómeno. O primeiro técnico a ser despedido foi o português João Eusébio, ao serviço do Clube de Chibuto, volvidos 15 dias do Moçambola.

Sob o comando daquele treinador, os guerreiros de Gaza averbaram duas derrotas consecutivas. Na mesma ronda e nas mesmas circunstâncias foi dispensado António Sábado do Têxtil de Púnguè, tendo sido substituído por Abdul Taíbo. O Estrela Vermelha da Beira apresenta o caso mais curioso das chamadas “chicotadas psicológicas”.

Em sete jornadas, aquela colectividade trocou duas vezes de treinador, todavia por iniciativa dos próprios técnicos que alegaram falta de ambiente de trabalho, bem como a ingerência do director desportivo, Abdul Omar, no dia-a-dia da equipa. ZainadineMulungo foi o primeiro a demitir-se e Ivo Gonçalves, seu substituto, também seguiu o mesmo caminho.

O quinto caso de demissão deu-se recentemente no Grupo Desportivo de Maputo em que, surpreendentemente, a direcção daquela colectividade despediu Artur Semedo, alegadamente porque teria dito, numa estação televisiva, que não havia um bom ambiente de trabalho no clube alvinegro. Contudo, depois do sucedido, Semedo revelou que tinha problemas insanáveis com o presidente, Michel Grispos, devido ao elevado salário (250. 000 meticais) que o técnico auferia.

Em Pemba foi também demitido Hilário Manjate do comando técnico do Ferroviário local, na sequência dos maus resultados que a equipa vem averbando. O caso que mais se destacou foi de Arnaldo Salvado, o mais conceituado treinador do futebol moçambicano, demitido do Costa do Sol por manifesto desacordo com os jogadores que nunca concordaram com os seus métodos de trabalho.

Mário Sinamunda é o melhor marcador

O avançado do Ferroviário da Beira, Mário, tornou-se o melhor marcador da primeira volta do Moçambola. Aquele atleta anotou um total de sete golos em treze jogos, seguido por Cosme, do Ferroviário de Quelimane, com seis. O médio da Liga Muçulmana, Liberty e o avançado do Ferroviário de Nampula, Dondo, figuram na terceira posição, com cinco golos cada um.

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