A votação de domingo revelou que a Polónia é uma sociedade dividida a meio, defende Adam Michnik, chefe de redação da Gazeta. A metade agora vitoriosa “encara o futuro do país dentro da UE – um país de democracia, pluralismo, economia de mercado livre e respeitador das leis”. Quanto ao lado perdedor, “uma direita autoritária, representada por Jaroslaw Kaczynski e seus apoiantes… é perigosa para a democracia na Polónia”.
Michnik salienta que a tradicional divisão esquerda/direita já não reflete o que está a acontecer na Europa Central e Oriental, nem mesmo em parte da Europa Ocidental onde uma “nova vaga de populismo sob diversas bandeiras ideológicas” está a ganhar as preferências e o apreço da opinião pública.
Haverá alguma possibilidade de fusão das duas Polónias?, interroga-se Tomasz Lis, editor de opinião do semanário Wprost; e ainda, quando “jogar com essa divisão deixará de dar dividendos políticos?”
A resposta, lastima, não está para breve, porque “a campanha presidencial não nos fez avançar, não trouxe nada de palpável à Polónia e aos polacos”. Lis apela aos seus compatriotas para pararem definitivamente de desperdiçar “tempo – um factor vital em qualquer democracia”.
É altura de encetar reformas de fundo nas finanças públicas, no sistema de saúde e nas pensões dos agricultores, e de lançar uma ponte sobre o fosso político entre a Polónia rica e a pobre. Como salienta Michnik, o forte apoio a Jaroslaw Kaczynski mostra que “muitos polacos ainda não se sentem bem no seu próprio país”.
O grande desafio do novo Presidente será alterar esta realidade.