Uma nova onda de assaltos está a preocupar a cidade da Beira, no centro do país, onde os ladrões, actuando com catanas, espalham terror sobretudo nos bairros da periferia e despojam cidadãos indefesos dos seus bens na calada da noite.
Em menos de duas semanas, na Manga e Mascarenha, ladrões apoderaram-se de bens alheios, parte dos quais já recuperados pelas autoridades policiais.
O primeiro assalto, que deixou a população apavorada, ocorreu na Manga Mascarenha, onde, numa noite, sete indivíduos, munidos de catanas e paus, invadiram três residências, numa das quais a respectiva família estava de luto, devido à morte de um dos seus parentes.
Eles roubaram aparelhagem sonora, desferiram golpes de catana a cidadãos indefesos e vandalizaram vidros de viaturas. Em conexão este caso, a Polícia deteve os presumíveis implicados, de idades compreendidas entre 20 e 25 anos, e acusa-os de terem participado na rusga que culminou com o roubo, agressão com armas brancas, e vandalização de vidros de três viaturas na Manga Mascarenha.
Já na noite desta Segunda-feira, um outro grupo de criminosos, disfarçado de militares e agentes da Polícia, invadiu um estabelecimento de ensino técnico profissional denominado Young África, no bairro da Manga, e roubou mais de dez computadores.
Quinta-feira, a Polícia apresentou vários bens recuperados das mãos dos criminosos nos bairros da Manga, Munhava e Muchatazina. Em consequência disso, duas pessoas encontram-se detidas na 8ª e 11ª Esquadras da Polícia.
Dos bens apresentados, que se crê sejam resultado dos assaltados, este mês, em várias residências, destaque vai para televisores, colunas e amplificadores, que se afiguram aos montes.
Por exemplo, na 11ª Esquadra, a funcionar no bairro da Muchatazina, a PRM apresentou quatro televisores, três DVD, dois amplificadores, um computador, teclado e quatro cadeiras. O acusado por este roubo chama-se Nélson Camare, 21 anos. Camare diz que a aparelhagem em referência comprou de uns amigos seus.
“Os televisores comprei de uns amigos e o resto pertence-me e tenho as respectivas facturas. Eu não roubei nada. Apenas comprei estes aparelhos”, disse Camare.
Na 8ª Esquadra, a funcionar na área da Passagem de Nível, a PRM apresentou ontem duas máquinas supostamente roubadas numa empresa chinesa, cujo nome não foi revelado.
O indiciado neste roubo chama-se Sérgio António Luís, 31 anos. Em contacto com a nossa Reportagem, António Luís disse que as duas máquinas, uma de pavimentação e outra de soldadura, chegaram às suas mãos, através do guarda da referida empresa, cuja identidade não avançou.
“Fui dado as máquinas para vender. O guarda é que roubou e já está detido”, disse. Ainda Quinta-feira, na PIC, a PRM apresentou três televisores, um dos quais plasma, dois processadores, um computador portátil, quatro colunas, um computador, dois DVD, uma impressora e um amplificador, tudo roubado no mês de Janeiro.
Informações em poder do DM indicam que nas esquadras da Beira não são raras as vezes que a população, quando acompanha que a Polícia efectuou apreensões, aparece para se certificar sobre os bens roubados, na esperança de encontrar aparelhagem roubada há meses.
Por exemplo, ontem na 11ª Esquadra o “DM” foi há tempo de ver cidadãos com facturas nas mãos que pretendiam certificar e reaver os seus bens roubados pelos homens do alheio.
“Estou aqui porque acompanhei que a PRM recuperou muitos bens ontem, dos quais constam televisores e DVD. Na semana passada sofri um roubo. Tiraram-me um televisor e um DVD”, disse um jovem que se identificou pelo único nome de Martins.
“Não é fácil recuperar porque eles roubam por encomenda e muitas vezes as pessoas que os mandam estão nestes mercados”, palavras de Vitorino Mateus, um dos nossos entrevistados ontem na cidade da Beira.
O chefe de secção de imprensa no comando provincial da Polícia, Mateus Mazibe, disse que o material apresentado foi recuperado pelas autoridades nas mãos de gatunos.
“Alguns até são armazenistas de aparelhos roubados”, considerou, para depois acrescentar que a recuperação dos referidos bens é sinal de que a PRM está a trabalhar no sentido de reduzir e ou acabar com casos de roubos na capital provincial de Sofala.
“Neste trabalho contamos com a colaboração da comunidade”, disse.