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Kingston tem dia de guerra em caça a chefão do tráfico

Violentos confrontos entre grupos armados que protegem um suposto chefão do tráfico de drogas e a Polícia jamaicana provocaram nesta terça-feira a morte de pelo menos 60 pessoas, transformando Kinsgton em um campo de batalha. Dois caminhões levaram “cerca de cinquenta” corpos nesta terça-feira ao necrotério do Hospital Público de Kingston, disse uma enfermeira à AFP. O número foi confirmado por um socorrista.

Um correspondente da AFP viu um terceiro caminhão nas imediações do necrotério, cheio de corpos com ferimentos causados por tiros, incluindo um bebê. Outra enfermeira declarou que esse terceiro caminhão transportava 12 cadáveres.

As forças de segurança enfrentam gangues que resistem desde segunda-feira com violência à ordem de detenção de Christopher “Dudus” Coke, procurado pelos Estados Unidos por tráfico de armas e drogas. Até o momento, a Polícia reconheceu a morte de 27 pessoas. O primeiro-ministro da ilha, Bruce Golding, lamentou a perda de vidas e prometeu restabelecer a lei e a ordem na nação caribenha. Nesta terça-feira, o governo pediu aos moradores da capital que permaneçam em suas casas.

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, saudou o compromisso do governo de garantir os direitos civis durante os enfrentamentos. Os combates continuam sendo travados nas proximidades de um hospital da cidade para onde foram levados os corpos, indicaram testemunhas à AFP.

Os seguidores armados do chefão tentaram entrar no centro médico, mas seu acesso foi impedido, o que gerou um novo confronto com a polícia. Apoiada por tropas do Exército e com a ajuda de helicópteros, a Polícia iniciou na segunda-feira um assalto ao bairro pobre do oeste de Kingston, fortaleza do traficante.

A operação foi executada depois que na semana passada o governo assinou o pedido de extradição e no domingo declarou estado de emergência. Soldados armados com fuzis patrulhavam a turbulenta zona de Tiboli Gardens, revistando casa por casa em busca de Coke. As ruas de Kingston, sempre barulhentas e alegres, estavam completamente desertas enquanto os helicópteros cruzavam os céus da capital.

As escolas e lojas permaneceram fechadas e os táxis se negam a transportar passageiros. Esta terça-feira, várias companhias aéreas cancelaram seus voos na capital desta ilha caribenha de 2,8 milhões de habitantes. A embaixada dos Estados Unidos instruiu seus cidadãos a não viajarem para a Jamaica e suspendeu seus serviços não-essenciais.

Cerca de 211 pessoas foram presas na zona de Tiboli Gardens e nos arredores de Denham Town durante o ataque lançado pelas forças de segurança na segunda-feira. Para os moradores de Tiboli Gardens, área violenta e pobre da capital, Coke -que se define como um simples comerciante- é um herói solidário aos vizinhos. Aqueles que o apoiam se armaram até os dentes, atacaram delegacias de polícia e ergueram barricadas ao redor de Tivoli Gardens, bairro onde nasceu o primeiro-ministro.

“Devem entender, estamos travando uma guerra”, indicou o chefe de Polícia Glenmore Hindos. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos classifica Coke como um dos “narcotraficantes mais perigosos”.

Ele é acusado de liderar desde 1990 um gangue internacional denominada “The Shower Posse”, que vende maconha e pasta base de cocaína em Nova York e para outros lugares dos Estados Unidos. Foi formalmente processado em agosto nos Estados Unidos por conspiração para traficar drogas e armas ilegais. Se for considerado culpado, será condenado à prisão perpétua.

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