O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, ordenou o encerramento de um centro de detenção que não respeitava os direitos dos acusados, informou a imprensa local, citando o secretário do Conselho Supremo da Segurança Nacional, Said Jalili. Além disso, as autoridades iranianas determinaram a libertação de 140 pessoas presas durante as manifestações de protestos contra a reeleição do presidente Mahmud Ahmadinejad em junho passado.
Jalili não deu detalhes sobre os motivos da decisão que os analistas acreditam ser um gesto destinado a amenizar a situação política. O centro em questão fica em Kahrizak, sul de Teerão, informou à agência Kazem Khalali, porta-voz da comissão parlamentar sobre a situação dos presos políticos.
Segundo várias fontes, cerca de 2.000 pessoas foram presas nas manifestações que se seguiram às eleições presidenciais de 12 de junho. “Tivemos uma reunião com o promotor de Teerão, Said Mortazavi, e 140 pessoas presas nos recentes acontecimentos foram libertadas”, declarou Jalali. Cerca de 200 pessoas permanecem detidas.
“Entre elas, há 50 políticos, membros de grupos antirrevolucionários e estrangeiros”, acrescentou o deputado, que afirmou ainda que 150 detidos “estavam armados e destruíram bens públicos, por isso serão julgados”.
As ordens do guia supremo foram dadas após a criação de duas comissões, parlamentar e judicial, encarregada de avaliar a situação nas prisões e liberar as pessoas com mandados não justificados. A questão dos “desaparecidos” será também analisada, indicou o deputado Hossein Sobhani-Nia. A oposição pediu diversas vezes a libertação dos manifestantes detidos. Este pedido foi reformulado pelo ex-presidente iraniano, Akbar Hachémi Rafsandjani, que lamentou as detenções em massa após a votação presidencial.
A União europeia disse estar também “muito preocupada” com a situação dos detentos. Por sua vez, o presidente do Parlamento, Ali Larijani, pediu que os prisioneiros, em particular os estudantes e os universitários”, fossem tratados dentro do respeito da justiça e da compaixão islâmica”.
Quanto ao número de mortos nas manifestações, o Irão admitiu nesta terça que 30 vítimas fatais quando, até então, falavam de 20 mortos. “No máximo, 30 pessoas morreram nos distúrbios sangrentos depois das eleições”, afirmou Farhad Tajari, membro da Comissão de Justiça do Parlamento. O poder também se defendeu de ser responsável da morte na prisão de quatro pessoas detidas nas manifestações, segundo a imprensa. Dois jovens manifestantes, identificados como Mohsen Ruholamini e Mohammad Kamrani, morreram de meningite, afirmou o chefe das prisões da província de Teerão, Sohrab Soleimani, negando que tenham sido atingidos.
“Ruholamini ficou doente ao ser transferido para a prisão de Evine a internado no hospital onde morreu”, explicou. “Kamrani morreu um dia depois de sua liberação, também de meningite. E os médicos confirmaram”, destacou. Esta hipótese foi levantada na segunda-feira pelo chefe da oposição, Mir Hossein Moussavi, que perguntou por que Ruholamini “estava com os dentes quebrados se tinha morrido de meningite?”.
Paralelamente, o Parlamento lamentou em urgência uma proposta de lei sobre a transformação de quatro vice-presidentes em ministérios, com o objetivo de controlar o governo. Este texto decorre da polêmica provocada pelo campo conservador com a nomeação por Ahmadinejad de um de seus próximos, Esfandiar Rahim Mashaie, para o cargo de primeiro vice-presidente.
O presidente foi obrigado a demiti-lo a pedido do guia supremo. Ao contrário dos vice-presidentes, os ministros devem obter a confiança dos deputados, que temem uma concentração do poder nas mãos de Ahmadinejad.