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Kampfumo, à beira de virar um festival!

Kampfumo

Tudo o que nos mostraram, no primeiro dia, foi um terreno baldio. Árido, quase abandonado, o qual, por todos os – fabulosos – predicados atribuídos ao, já perecido, velho Mpfumo, se pretende transformar Kampfumo no (novo) conceito de Festival Internacional de Música.

Em princípios de Dezembro, no quintal anexo á Estação dos Caminhos de Ferro de Maputo, veremos se conseguem… Em princípio, personalidades como Dilon Djindje, Jimmy Dludlu e Professor, criadores de Pudina, Tonota e Jezebel, não possuem muitos denominadores comuns além da música. São de gerações diferentes, exploram géneros musicais diferentes, em palco comportam-se de formas dissemelhantes.

No entanto, (agregando-se nestes os Mapalma, uma orquestra musical nascida da junção de cantores sul-africanos e brasileiros) será ao ritmo do Marrabenta, do Jazz, do Afro Music, entre outras sonoridades de música tradicional africana que a Taime Auto Produções realizará, nos dias dois e três de Dezembro, o Primeiro Festival Internacional de Música – Kampfumo.

Mas a festa não para por aí. No dia seguinte, três, a organização promete muita batucada, com os Timbila Muzimba, Cahora Bassa Project, algumas das (mais) conceituadas bandas de música tradicional africana que originaram nos últimos anos no país.

No mesmo contexto, os reggae man angolanos, Kussondulola, os rappers portugueses, Black Label, os Rock, Mona, e pandzistas moçambicanas, Lizha James e Marlene, afi guram- -se como outros aperitivos (musicais) que irão dar um ar de inclusivo ao festival.

O recinto do Festival terá uma região VIP, bares e restaurantes, serviços de sanitários – tudo personalizado. Um total de 60 homens – será mobilizados para garantir a segurança – que será reforçada pela Polícia da República de Moçambique. Tudo isto movem a Nuno Quadros a garantir que “estão criadas as condições para a efectivação de um evento sem grandes sobressaltos”.

Os ingressos

Nuno Quadros disse que 50 convites foram ofertados à Associação dos Músicos Moçambicanos, como forma de garantir a participação de alguns artistas filiados àquela agremiação no evento.

De qualquer modo, relativamente aos ingressos – para o grande público – até à data da realização do festival obedecerão três modalidades em termos de preço. Por exemplo, até hoje, 25 de Novembro, os bilhetes variam de 600 e 1000 Meticais, respectivamente um e dois dias.

A partir de amanhã até um de Dezembro – nas mesmas condições – passam a custar 800 e 1200 Meticais, respectivamente. É por essa razão que, a organização faz questão de exortar o público a comprar os ingressos em tempo útil, sobretudo, porque nos dias do evento, os preços serão mais exorbitantes. Ou seja, custarão 1000 a 1500 Meticais, nas mesmas condições.

Um festival de muita honra

A abertura do Festival, o que acontecerá no dia dois, reservou- -se ao octogenário artista popular moçambicano, Dilon Djindje, à partir das 20.30H. Dilon que foi funcionário dos Caminhos de Ferro de Moçambique, em Maputo, nos anos ´50, começou por recordar-se dos ofícios que prestara àquela instituição para, instantes depois, implorar a todos os moçambicanos, “do Rovuma ao Maputo” a aceder o evento.

Aliás, não lhe faltaram argumentos: “O festival irá mudar a nossa vida. Dar-nos-á alguma tranquilidade. Percebamos a música como um forte instrumento de formação cultural de um povo”, diz.

Para o pai da “Maria Tereza” as pessoas podem possuir altos níveis de formação, no entanto, caso não tiverem “cultura não saberão ser bons líderes”.

Voltando atenção o tópico sociedade, Venâncio da Conceição que é Dilon Djindje reitera que “a música chama-nos atenção sobre os males que enfermam a sociedade, educando-nos. Revela às pessoas as razões de viver neste mundo que Deus nos deu”.

Com 84 anos de vida, 70 dos quais dedicados à música, Dilon Djindje não mediu esforços para incentivar “os moçambicanos a valorizar mais a nossa cultura”, o que em parte, passa em aderir o Kampfumo.

Na ocasião, enquanto a imprensa reclamava o elevado custo dos ingressos, o auto-proclamado Rei da Marrabenta, Dilon Djindje, insistia que “são muitos baratos. Por exemplo, na Europa há espectáculos cujos ingressos custam cinco mil euros”, diz desvalorizando os preços praticados pelo Kampfumo.

Enfim, no seu discurso quase teológico, além de considerar o Kampfumo, um “festival de muita honra”, Dilon insitiu que não podendo conhecer a Deus, em pessoa, “por não sabermos onde se encontra, que nós nos conheçamos, participando no evento”.

Valorizar Kampfumo

Estas e outras razões, valeram ao Director deste evento cultural explicar ao @Verdade alguns pormenores, começando pelo nome.

@Verdade: O que é que justificou a escolha do termo Kampfumo para nomear o festival?

Nuno Quadros (NQ): De há alguns anos a esta parte, tenho criticado os grandes organizadores de eventos culturais no país, pela mania que têm em chamar tudo o que fazem – em volta da música – em inglês. Sinto que contrariam, de certa forma, Primeiro Presidente de Moçambique, Samora Machel, que considerou o português, como língua de unidade nacional.

Ora, contrariando esta perspectiva, a gente podia chamar o evento de First Summer Festival ou Maputo Music Festival. Segundo, eu tenho um bar nos caminhos de Ferro de Maputo, que se chama Kampfumo; mas Kampfumo foi nome de Maputo, desde o tempo colonial; Portanto, é a valorização das línguas nacionais associados a todos estes factores que se seleccionou o Kamfpumo para este propósito.

@Verdade: É mais um festival na cidade de Maputo…

NQ: É verdade, mas este terreno virgem. Tem uma boa área para estacionamento automóvel. É rico em termos de espaço para fazer barulho sem perturbar a ninguém. Portanto, possuir todas as condições para o evento seja um sucesso.

Mas, é preciso clarificar que – para este caso – o sucesso não significa necessariamente ganhar muito dinheiro. Mas, antes, não perder todo o investimento. Pensamos em fazer, no próximo ano, uma programação melhor que incluirá artistas provenientes dos Estados Unidos da América e do Brasil. Porque, certamente, a gente gostaria de ter artistas de outra dimensão.

@Verdade: Além do nome, o que irá diferir este festival dos demais?

NQ: Não sei se em alguma vez se realizou um festival internacional de música, em Maputo, durante dois dias. É verdade que já se fez o Festival Internacional de Jazz, no Parque dos Continuadores, mas se reparar de jazz só teve o Hugh Massikela e o Moreira Chonguiça. Os demais músicos não se enquadram nesta secção.

Por exemplo, o Stewart Sukuma é um músico popular, de tal sorte que se fosse inglês, seria enquadrado no campo Pop Music. Não é um Jazz man. É verdade que é um artista respeitado. Isso fez com que aquele evento não fosse genuinamente um Festival de Música Jazz. Mas também não sei se correu bem, porque nunca mais realizou-se novamente.

Então, uma das marcas que diferem este dos demais festivais é que vamos ter – no mesmo espaço – zonas VIP, Parque de Estacionamento de Viaturas, Restaurantes, nove bandas num dia e seis no outro. O evento começa às 14 horas até as seis da manhã. E mais, este será um evento muito abrangente sob o ponto de vista de idade, de géneros e estilos musicais.

@Verdade: É o primeiro festival – com tamanha envergadura – como se perspectiva o futuro?

Com confiança, porque estamos em casa. Além do mais, a cidade de Maputo tem estrutura para suportar eventos como este. O público maputense é especial. Sabe criticar, mas se gostar gosta e adere. O importante é que receba a mensagem e participe porque a gente precisa do público, para o qual se realiza o festival.

E penso que as pessoas não tem razão para não vir. É verão, é momento de festa, temos cerveja gelada, mulheres bonitas, temos boa música… portanto, é festa e, ninguém veio para discutir. Temos pandza, Reggae, Ragger, Jazz, Marrabenta, Rock, Djs, House Misic, temos tudo.

@Verdade: Ainda que se diga que é um evento inclusivo, o cardápio dos artistas, impele-nos a assumir que se trata de um evento VIP…

NQ: Penso que é muito bom. Fizemos questão de incluir os sete artistas (moçambicanos) que determinam quase todos os estilos de música. Por exemplo, na Marrabenta temos o Dilon Djindje que participará com todos os seus amigos. No Pandza, temos a Lizha James e a Marlene.

Na afrobatucada temos os Timbila Muzimba e a Xixel com o Cahora Bassa Project. Temos um rapper da África do Sul simplesmente f…, como diz o Erik. Eu fui lá, para o Soweto, e constatei que tal artista é um tipo comum. Sem estilos, simples, como eu e tu. Mas o gajo arrasa em palco.

Depois teremos os Kussundolola, uma banda de Reggae que estarão durante uma hora a saltar no palco, e fazer a festa.

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