Um tribunal de primeira instância de Estocolmo acordou nesta quarta-feira (16) manter a ordem de prisão preventiva ditada à revelia contra o fundador do Wikileaks, Julian Assange, em novembro de 2010 por quatro supostos delitos sexuais, informou a agência sueca de notícias TT. O tribunal desprezou os argumentos dos advogados de defesa do jornalista australiano, que se refugiou há dois anos na embaixada do Equador em Londres, depois do Supremo Tribunal britânico ter ordenado a sua extradição para a Suécia.
O Equador concedeu-lhe asilo político por receio que este fosse enviado da Suécia para os Estados Unidos, onde poderia enfrentar um julgamento militar pela informação confidencial divulgada através do portal de internet Wikileaks.
Os advogados de Assange citados pela imprensa local anunciaram que vão apelar a decisão do tribunal, que considerou que Assange continua a ser suspeito das acusações e que existe risco de fuga. Esse foi o argumento dado pela procuradoria, que instou a prolongar a ordem de detenção por considerar real o risco de fuga de Assange, o que impediria que fosse interrogado.
Perante a sugestão da defesa para que o jornalista fosse interrogado na embaixada do Equador em Londres, o Ministério da Justiça ressaltou a gravidade do caso, lembrando que perante delitos sexuais precisa-se de mais de uma audiência e inclusive a recolha de amostras de ADN, pelo que o acusado deveria estar no país.
Thomas Olsson, advogado de defensa de Assange, voltou a qualificar de desproporcional a ordem de detenção, onerosa para o jornalista, privado nos últimos anos de ter uma vida laboral e social normal.
Assange é acusado de quatro delitos, que ele nega, contra duas mulheres, quando estava de visita na Suécia em agosto de 2010. O processo esteve rodeado de polémica sobre a solidez das denúncias e os motivos das litigantes, fuga de informação aos meios de imprensa, substituições de fiscais e uma reabertura do caso que tinha sido inicialmente considerado como um delito menor.
Assange, de 41 anos, foi detido a 7 de dezembro de 2010 em Londres, a pedido da justiça sueca, dias depois que o seu portal divulgasse, juntamente com vários jornais do mundo, milhares de documentos diplomatas confidenciais dos Estados Unidos que envergonharam governos de todo o mundo.
Após um longo processo judicial no Reino Unido, durante o qual esteve na prisão e também sob prisão domiciliar, que culminou quando o Supremo Tribunal autorizou a sua extradição, o informático refugiou-se na embaixada do Equador em Londres em junho de 2012, para evitar a sua entrega à Suécia. Um mês depois, o governo do Equador concedeu-lhe asilo, com a esperança de que as autoridades britânicas lhe dessem autorização para viajar para Quito, o que não ocorreu.