A junta militar da Tailândia forçou um acordo para a transmissão na TV aberta de todos os jogos da Copa do Mundo para “restabelecer a felicidade” no país asiático após o golpe de estado de 22 de maio, informou nesta quinta-feira a imprensa local.
O acordo, que prevê que o “Canal 5” – que pertence ao Exército – faça a exibição de pelo menos 38 partidas, foi conseguido ontem depois que um tribunal administrativo deu razão a “RS Plc”, proprietária dos direitos do Mundial, numa disputa com a Comissão Nacional de Radiodifusão, segundo o jornal “The Nation”.
A Comissão exigiu da “RS” a transmissão aberta de todos os jogos, que inicialmente tinha concordado em ceder imagens de apenas 22 partidas – inclusive a abertura e a grande final – para outros canais estatais e deixar o restante em seu sistema de pay per view. Os detalhes do acordo serão divulgados num pronunciamento coletivo chamado: “Canal 5 devolve a felicidade aos tailandeses em união com o espírito do Mundial”.
O órgão governamental justificou a sua posição com base numa ordem de 2012, que considera de interesse geral sete grandes eventos desportivos, entre eles os Jogos Olímpicos e o Campeonato do Mundo de futebol.
A “RS” defendeu a sua exclusividade por ter assinado um contrato com a Fifa anteriormente, em 2005. Segundo a imprensa local, a “RS” pediu à Comissão uma compensação de 700 milhões de bats (US$ 21,5 milhões) para o acordo, ao estimar que o mesmo deve significar a perda de 1 milhão de assinaturas.
Numa audiência realizada antes da decisão judicial, o presidente da Comissão, Natee Sukonrat, disse que todos os tailandeses devem ter a opção de ver todos os jogos na TV aberta conforme acontece no país desde 1970.
Por outro lado, a advogada da “RS”, Supan Sueharn, disse que a transmissão aberta de todas as partidas afetaria negativamente os negócios da empresa e também representaria uma violação do contrato assinado com a Fifa, por isso ameaçou não permitir a transmissão de nenhum jogo para evitar prejuízos maiores.
Após o golpe de Estado, o Exército tailandês iniciou uma campanha para “devolver a felicidade” à população, que inclui shows, festivais e a exibição gratuita de filmes com temática patriótica nos cinemas. Os militares também ordenaram o congelamento dos preços do gás e a da gasolina, e o pagamento de subsídios aos produtores de arroz, uma medida pela qual o governo deposto foi criticado como “populista” pelos seus críticos e pelos que apoiaram do golpe.