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Julgamento de raptores: réus insistem na refutação de acusações

Os quatro cidadãos acusados de rapto do empresário Ibrahim Gani continuam a refutar as acusações que pesam sobre eles, não obstante apresentarem declarações contraditórias sobre os factos. Na sessão desta quinta-feira (22), foram ouvidos mais dois réus, que, entretanto, negaram estar envolvidos no rapto.

O Tribunal Judicial da Província de Maputo ouviu os réus Manoa Valoi e Inácio Mirasse, este último que é sobrinho do indiciado Arlindo Timane, apontado, pelo Ministério Público (MP), como coordenador do rapto. Durante a sua audição, que começou na terça-feira (20), Manoa Valoi declarou que não sabe nada sobre o crime de que é acusado.

Ele chegou mesmo a afirmar que não conhece os outros co-réus e que em nenhum momento foi ouvido pela Polícia de Investigação Criminal (PIC) durante o processo de instrução. Valoi disse ainda que o depoimento que assinou fê-lo por que foi coagido, com recurso a tortura. Todavia, não soube explicar como é que a Polícia obteve os seus dados pessoais, tais como o facto de ele ser falante de três línguas, viver com a sobrinha, e outros aspectos não constante do Bilhete de Identidade, informações que no entender da MP só pode ter sido o próprio réu a fornece-las.

Igualmente, o réu Inácio Mirasse, conhecido nos círculos familiares por João, disse logo no início da audição não ser verdade a acusação de que ele participou do rapto do empresário Ibrahim Gani.

Mirasse é apontado pelo MP como tendo recebido do tio, o réu Arlindo Timane, 100 mil meticais pela sua alegada participação no crime. Ele diz, no entanto, nunca ter participado em nenhum crime, com ou sem o tio, e que o valor máximo de dinheiro que alguma vez recebeu do tio são 500 meticais.

Os factos apresentados pelo MP apontam ainda que Mirasse teria sido a pessoa que, no dia do rapto, foi buscar a vítima, Ibrahim Gani, na sua casa para alegadamente lhe mostrar um terreno que este estaria interessado em comprar. No entanto, o acusado disse não serem verdadeiras tais dados, pois na altura dos acontecimentos encontrava-se na província de Tete, onde trabalha como técnico de construção civil, e em nenhum momento na sua vida esteve envolvido em negócio de venda de terrenos.

Mirasse afirma não conhecer a vítima e nunca ter estado em sua casa, não obstante as imagens tiradas no dia do rapto demonstrarem o contrário.

As declarações prestadas pelos réus, nalgumas vezes, são contraditórias e contrastam como que consta dos autos, cujos depoimentos foram prestados durante a fase de instrução do processo. Os réus contradizem-se ainda durante as audições ao afirmarem, por exemplo, que não foram ouvidos pela PIC durante a fase de instrução preparatória, mas sem apresentarem afirmações que demonstrem o contrário dos factos arolados pelo MP.

Esta quinta-feira, a juíza da causa, Berta Zita, ensaiou deixar de lado todas as respostas contraditarias que os réus apresentassem, mas a representante do MP mostrou-se contra essa posição.

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