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Jimmy Dludlu confessa: “A viola ra mina ra vulavula”

No seu primeiro concerto – depois de anunciar o seu retorno definitivo a Moçambique – o guitarrista moçambicano, Jimmy Dludlu, recorrendo ao seu génio, conseguiu transpor as limitações do equipamento sonoro da casa de pasto Mafalala Libre, incluindo o embaraço da filha de Hortêncio – Xixel Langa. Saiba de que maneira…

Jimmy Dludlu voltou a abrilhantar os palcos culturais da capital do país, desta vez, para marcar a reabertura de uma das mais importantes casas culturais da cidade de Maputo – a Mafalala Libre – realizando um espectáculo concorrido por duas centenas de pessoas. Jimmy sempre é fiel à qualidade de concertos a que nos habitou e, como dizem os brasileiros, deu um “show”, que provoca o arrependimento de quem não comprou o bilhete de ingresso para vê-lo actuar.

Primeiro, actuou o célebre baixista moçambicano, Carlos Gove, que se fez acompanhar pelo saxofonista Muzila: esses senhores têm muito valor na música moçambicana e mostraram. O guitarrista e o saxofonista fizeram o público “viajar”, sempre para frente, como apregoa o álbum Massone – uma palavra Chopi que significa para a frente – apresentando composições como Hoyo Hoyo, para desejar as boas-vindas àquele público que tinha uma grande expectativa de escutar a sua música.

Infelizmente, nessas coisas de se ter que agradar o público, os pecados não faltam. Muzila e Gove pecaram, unicamente, por não terem brindado o público com a música “The System”, um tema que, segundo a crítica, testemunha a cumplicidade existente entre o talento dos dois artistas. A conhecida intérprete Xixel Langa subiu ao palco para saciar a vontade do público de dançar. Entretanto, mentiríamos se disséssemos que não conseguiu. A artista rebuscou alguns passos da Marrabenta adicionando-os às sonoridades da guitarra de Valter, ao mesmo tempo que deixou Nelton Miranda regressar à época em que era a única referência no uso da viola baixo no país.

O seu exibicionismo erótico embaraçou-a de tal modo que ela tombou. E, como se não bastasse, estava trajada de um vestido muito curto. Contudo, Xixel Langa tinha tudo para fazer um espectáculo memorável. Depois desse episódio, a cantora ficou algo acanhada no palco e a sua actuação perdeu interesse aos olhos do público. Todavia, diga-se em abono da verdade, Nelton Miranda acabou por “roubar-lhe” o protagonismo. Xixel Langa abandonou o palco mais cedo do que devia. Entoou duas músicas e despediu-se. A sua cara não conseguiu esconder o desalento por não ter gasto o mínimo da sua capacidade como artista que merece o respeito dos amantes da música moçambicana.

De todos os modos, o momento cinzento do Mafalala Libre não se prolongou. Jimmy Dludlu subiu ao palco e só a sua presença fez o público delirar de emoção. Todos ficaram atentos à actuação do guitarrista que, como sempre, tinha uma surpresa. Jimmy testou e não gostou da qualidade do som. Reclamou mas, mesmo assim, conseguiu fazer com que os seus dedos, com a guitarra, reacendessem o brilho do álbum Afrocentric. Era o princípio de uma noite que levaria o público a cantar, a gritar e a celebrar a trajectória deste ícone do Afro-Jazz que regressou a Moçambique para deixar o seu legado.

Jimmy Dludlu revisitou o seu The Best Of para agradar algumas “almas” carentes do som do espírito, como é conhecido o seu estilo musical único. O melhor momento não foi quando convidou o rapper Simba, que curiosamente era um mero espectador, para “dropar” no “Winds Of Change”. Foi, sem dúvidas, quando, Jimmy Dludlu, invocando António Marcos afirmou, para surpresa dos presentes, que “a viola ra mina ra vula vula mayoo”. Jimmy Dludlu desceu do palco quando muitos queriam mais. O público ficou com “saudades” do seu próximo espectáculo.

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