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Japão, de olho no carvão mineral e gás natural, continua financiar Orçamento do Estado, apesar das dívidas secretas

Japão

Foto do Ministério dos Negócios EstrangeirosO Governo Japão, à margem dos restantes parceiros internacionais de cooperação com Moçambique que suspenderam a ajuda financeira ao Orçamento Geral do Estado após a descoberta das dívidas das empresas Proindicus e MAM, e formalizou nesta quarta-feira(20) mais uma doação não reembolsável no valor de 12 milhões de dólares norte-americanos, tendo em vista a reconstrução de pontes numa estrada entre as províncias da Zambézia e do Niassa salvaguardando os interesses de empresários nipónicos no Corredor de Nacala, no carvão de Tete e no gás natural de Cabo Delgado.

O montante, cujo acordo foi assinado pela vice-ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Nyeleti Mondlane, e pelo embaixador nipónico acreditado em Moçambique, Akira Mizutani, é um reforço a um financiamento inicial de 38 milhões de dólares norte-americanos e é destinado a conclusão de obras em 13 pontes na estrada que liga o distrito do Ile, na província da Zambézia, e o município de Cuamba, na província de Niassa.

O projecto teve início em 2013 e consistia na reparação de 12 pontes e na construção de uma adicional na regiçao de Muassi, parte final do troço, já na província mais à Norte de Moçambique.

Segundo Akira Mizutani o projecto foi afectado pelas chuvas intensas, habituais nessa altura que é o pico da época chuvosa, que se registaram em Janeiro de 2015 na província da Zambézia, e por isso “o Japão decidiu desembolsar um apoio financeiro adicional”.

“Apesar da questão de dívida não revelada (das empresas Proindicus e MAM), o Japão irá continuar a realizar cooperação financeira não-reembolsável a Moçambique e ao povo moçambicano”, assegurou Mizutani.

Os interesses privados japoneses em Moçambique

Questionado pelo @Verdade Shuichiro Arafune, Terceiro Secretário para a Cooperação Económica, esclareceu ao @Verdade que o País asiático não é membro do grupo dos países estrangeiros que apoia financeiramente de forma directa o Orçamento do Estado e por isso não tem uma posição determinada em relação aos empréstimos contraídos por empresas estatais com Garantias ilegais do Estado, mas o Japão está a espera para ver “as medidas a serem tomadas pelo governo moçambicano, bem como a decisão e avaliação da FMI e outros doadores”.

“Mas sendo um parceiro dos outros doadores, precisaremos acompanhar as decisões dos outros doadores e ver os próximos passos destes países e organizações para determinar nossa posição e cooperação”, acrescentou Shuichiro Arafune.

Todavia esta boa vontade do povo japonês em relação ao nosso País está relacionada com os interesses privados que grandes multinacionais nipónicas têm em Moçambique, particularmente no Corredor de Nacala.

Além do Japão ser um dos parceiros, a par do Brasil, do famigerado ProSAVANA, que embora não esteja formalmente aprovado está em curso, na fase de investigação, o maior grupo corporativo do país asiático, a Mitsui & Co., Ltd, tem interesses empresariais no Porto de Nacala, que foi reabilitado graças a empréstimo do país nipónico.

A Mitsui & Co., Ltd investiu também nas minas de carvão de Moative e na linha de caminho de ferro, que liga a região mineira de Tete e o porto de águas profundas em Nampula, e é ainda parceira da norte-americana Anadarko na Área 1 de Concessão das reservas de gás natural de Moçambique.

Ademais outra corporação japonesa, a INPEX, está envolvida com as empresas que operam outras concessões nas reservas de gás natural moçambicanas, nomeadamente nas Áreas 2 e 5, não fosse o Japão o maior importador de Gás Natural Liquefeito do mundo.

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