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Itália dá início à Expo 2015 no meio a esperanças e temores

A Itália deu início à Expo Milão nesta sexta-feira dividida entre as esperanças de que a vitrine global de alimentos, tecnologia e cultura afaste o clima de desânimo no país e os temores de que seja eclipsada por escândalos, atrasos e protestos.

O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, conta com a atração para reforçar os frágeis sinais de recuperação económica depois de anos de estagnação e recessão. “Hoje é como se a Itália estivesse abraçando o mundo”, disse durante a pomposa cerimónia de abertura, que contou com o sobrevoo de caças soltando fumaça nas cores da bandeira nacional.

“Todos vocês, especialistas que insistiam em dizer ‘jamais vamos conseguir’, eis a sua resposta”, afirmou. “Gosto de pensar que o amanhã começa hoje”.

Com 10 milhões de ingressos já vendidos, as autoridades esperam a visita de 20 milhões de pessoas, metade delas visitantes estrangeiros atraídos a Milão, e torcem para que as receitas ultrapassem os 10 biliões de euros.

Mas o evento, cujo tema é a produção de alimentos sustentáveis, já enfrentou uma investigação de corrupção que levou à prisão de várias autoridades de alto escalão, gastos maiores do que o previsto e atrasos na construção, o que fez com que grande parte das instalações não ficasse pronta para o dia da abertura. Os temores com a segurança também arrefeceram os ânimos.

A feira, que se segue à Expo de 2010 em Xangai, também mobilizou uma variedade difusa de manifestantes com bandeiras que vão da anti-globalização e do activismo ambientalista a defensores dos estudantes e críticos das medidas de austeridade, que veem a feira como um símbolo de desperdício e corrupção.

O papa Francisco, cujo discurso foi transmitido na abertura, referiu-se à ironia de um mega espetáculo global dependente de patrocínios privados e dedicado ao desenvolvimento sustentável e à alimentação dos pobres. “De certa maneira, a própria Expo é parte deste paradoxo de abundância, obedece a cultura do desperdício e não contribui com um modelo de desenvolvimento igualitário e sustentável”, declarou.

Enquanto milhares de manifestantes marchavam pelo centro de Milão atrás de um cartaz com os dizeres “Nada de Expo, Comam os Ricos”, o policiamento ostensivo reflectiu o temor das autoridades de que pequenos grupos radicais pudessem causar violência.

A Expo 2015 terá mostradores de tecnologia interativa com o tema “Alimentando o Planeta”, com pavilhões de 54 países apresentando exposições educativas e suas cozinhas locais. Eventos culturais, arquitetura futurista, um “supermercado do futuro” e dezenas de restaurantes preenchem o espaço – que, como notaram os seus críticos, exigiu a pavimentação de mais de um milhão de metros quadrados de terras agricultáveis nos arredores de Milão.

No total, mais de 140 nações participam da feira, incluindo Moçambique.

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