O primeiro-ministro designado de Israel Benjamin Netanyahu conseguiu, esta sexta-feira, que o presidente Shimon Peres concedesse um prazo extra de duas semanas para a formação do novo governo, anunciou a presidência do Estado.
Netanyahu quer aproveitar o novo prazo para tentar convencer o Partido Trabalhista, presidido pelo atual ministro da Defesa Ehud Barak, de participar de seu governo.
Líder do partido Likud, Netanyahu declarou ao presidente que, embora pudesse já ter formado o novo governo, o prazo extra era “necessário para alcançar um governo de união nacional”. “A formação de um governo semelhante me parece ainda mais indispensável, depois das várias conversas com o Estado Maior e autoridades econômicas do país”, argumentou.
Netanyahu destacou as “graves ameaças” de segurança que Israel enfrenta, assim como a “crise econômica”, referindo-se ao aumento do desemprego causado pela crise mundial.
Na quarta-feira, Barak exortou seu partido a reconsiderar a proposta de Netanyahu para integrar o governo, no qual deseja conservar sua atual pasta. Na quinta, o ministro deu entrevistas a rádios e canais de televisão, afirmando que “o interesse superior do Estado” deve conduzir o Partido Trabalhista a tomar parte no governo de Netanyahu, para funcionar como “um contrapeso à extrema direita”.
Depois das eleições do dia 10 de fevereiro, com a derrota sem precedentes dos trabalhistas, que elegeram apenas 13 deputados para o parlamento (que possui 120 cadeiras), Barak disse que pretendia tirar uma lição deste revés retornando à bancada da oposição. Em seguida, no entanto, mudou de idéia e deu início a negociações com Netanyahu – que antes tentou, sem sucesso, cooptar o Partido Kadima, da ministra das Relações Exteriores Tzipi Livni, para integrar seu governo.
O Partido Trabalhista, cujo congresso conta atualmente com 1.460 membros, encontra-se bastante dividido sobre a questão, mas deve anunciar uma decisão na próxima terça-feira, em uma sessão extraordinária.
A atual ministra da Educação, Yuli Tamir, um dos sete deputados que se opõem à posição de Ehud Barak, acusou-o nesta sexta-feira de “conduzir o Partido Trabalhista ao prejuízo” por ambição pessoal, empurrando a formação para integrar um governo de direita que, segundo ela, enterrará qualquer possibilidade de reativar o processo de paz com os palestinos.
Netanyahu já conta com maioria absoluta na Knesset, graças ao apoio dos partidos religiosos e de extrema direita, mas prefere construir um governo amplo que inclua pelo menos os trabalhistas.
Segundo o prazo estabelecido por lei, Netanyahu deve formar seu governo até o dia 3 de abril, depois de ter esgotado o prazo inicial de 28 dias, que expira no próximo domingo.