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Israel defende continuidade da colonização, apesar das críticas

Israel defendeu na quarta-feira a decisão de prosseguir com a construção de casas em Jerusalém Oriental anexado, que foi muito criticada por parte da comunidade internacional, em plena polêmica sobre as colónias judaicas nos territórios palestinos ocupados.

O ministro do Interior, Elie Yishai, justificou a autorização concedida na terça-feira para a construção de quase 1.000 casas novas em Gilo, bairro de Jerusalém Oriental. “Cessar a construção é como cessar a construção em qualquer bairro de Jerusalém e de Israel. A construção em Jerusalém não pode parar e Gilo fica em Jerusalém”, declarou à AFP.

A líder da oposição, Tzipi Livni, afirmou que em Israel existe um consenso sobre Gilo. “Gilo é um consenso israelense e é preciso compreendê-lo em qualquer discussão sobre as fronteiras permanentes dentro de um futuro acordo de paz”, declara Livni em um comunicado publicado após um encontro com o chanceler francês, Bernard Kouchner, que visita Israel. Kouchner declarou lamentar a decisão de Israel e pediu a retomada das negociações políticas entre israelenses e palestinos, além de lembrar que a posição da França é favorável ao fim da colonização.

Falando ao canal Fox News, o presidente Barack Obama afirmou que a decisão israelense de continuar com a construção de casas pode ser muito perigosa. “Acho que a construção de novos assentamentos não contribuirá para a segurança de Israel. Acho que torna mais difícil alcançar a paz com seus vizinhos”, declarou Obama em uma parte da entrevista divulgada no site do canal. “Creio que isso aborrece de tal modo os palestinos que pode ser muito perigoso”, afirmou ainda.

O governo dos Estados Unidos já havia reagido na terça-feira e se declarou “consternado” com a continuidade da colonização em Jerusalém Oriental, em um momento no qual o governo do presidente Barack Obama se esforça para tentar reativar o processo de paz. “No momento em que nos esforçamos para reativar as negociações, acções deste tipo tornam mais difíceis nossos esforços”, afirma uma nota da Casa Branca. A questão da colonização israelense nos territórios palestinos ocupados é o principal obstáculo para a retomada das negociações de paz, suspensas há um ano, e provoca divergências entre Estados Unidos e Israel, aliados tradicionais.

Os palestinos querem o fim total da construção de colónias na Cisjordânia ocupada, incluindo Israel Leste, antes de retornar às negociações. Israel se nega a cessar a colonização e deseja a retomada do diálogo sem condições prévias. A Autoridade Palestina, que condenou a iniciativa israelense, reiterou com o negociador Saeb Erakat a exigência de fim da colonização antes da retomada das conversações. “As colónias devem cessar. É o único meio para voltar a um verdadeiro processo de paz”, disse.

O ministro do Interior israelense, Eli Yishai, havia autorizado na terça-feira a construção de 900 casas em Jerusalém Oriental, a parte da cidade reclamada pelos palestinos, informou à AFP um funcionário do governo de Israel. Momentos antes, a rádio militar israelense havia anunciado que o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, negou o pedido americano de congelar a construção de dezenas de casas nesse mesmo bairro. Na segunda-feira, o emissário especial americano para o Oriente Médio, George Mitchell, dissera aos colaboradores de Netanyahu que este projeto pode provocar tensões com os palestinos e afetar as possibilidades de uma retomada das negociações, indicou a rádio.

A condenação às novas construções em Jerusalém Oriental é quase unânime. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lamentou a atitude de Israel, enquanto a Arábia Saudita classificou a colonização de “principal obstáculo” à paz. A parte oriental de Jerusalém (na qual vivem 200.000 israelenses, em mais de 10 novos bairros, e 270.000 palestinos) foi conquistada por Israel durante a guerra de Junho de 1967 e depois anexada. A anexação nunca foi reconhecida pela comunidade internacional.

Os palestinos afirmam que Jerusalém Oriental, que para eles deve ser a capital de seu futuro Estado, representa mais de um terço (37%) das colônias judaicas nos territórios palestinos. Construído em terras palestinas confiscadas, o bairro de Gilo, nas proximidades de Belém (Cisjordânia), tem mais de 30.000 habitantes e integra o cinturão da “Grande Jerusalém”, construído por Israel para reforçar o controle sobre a cidade.

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