Isabel Eduardo Zacarias reside na cidade de Maputo e dedica-se à promoção de obras de arte. Desempenha a sua actividade no Jardim dos Professores. Efectivamente, Isabel é uma mulher um pouco reservada e dói-lhe falar do filho que perdeu. Tão-pouco fala da sua idade…
(Isabel Eduardo Zacarias) – Bem, eu prefiro não falar sobre a minha idade. Acho que o assunto é um pouco íntimo.
(@V) – Quando é que começa a trabalhar como promotora de arte?
(IEZ) – Trabalho como promotora de Arte desde 1997 e nesse mesmo ano inscrevi-me como membro do do Núcleo de Arte.
(@V) – As obras que comercializa são da sua autoria?
(IEZ) – Não. São de alguns artistas com os quais tenho uma relação de parceria. Durante esses anos tenho vendido obras de vários artistas desde Victor Souza, Samate, Idasse e tantos outros.
(@V) – Que tipo de obras de arte comercializa?
(IEZ) – Comercializo obras de pintura, escultura, camisetas pintadas à mão, que costumam ser exclusivas. Todas são diferentes, em nenhuma parte do mundo podem ser encontradas semelhantes.
(@V) – Como tem sido a procura pelas obras que vende?
(IEZ) – Uma obra de arte não se vende do nada, como qualquer outro artigo. É necessário algum tempo. Antes de comprar uma obra de arte, o cliente geralmente precisa meditar sobre o seu signifi cado, se combina com os móveis, o chão e até mesmo com as paredes.
(@V) – Qual é o tempo necessário para vender uma obra de arte?
(IEZ) – Vender uma obra de arte não é fácil. Durante um ano posso vender apenas uma. As obras de arte são muito caras, ninguém sai de casa para gastar 1000, 2000 ou mais dólares para comprar uma obra de arte. Não é fácil é como se fosse uma mobília.
(@V) – Para além de ser promotora de arte, tem outra fonte de rendimento?
(IEZ) – Tenho outras fontes das quais dependo para sobreviver. Também presto serviços protocolares para organizações que solicitam os meus préstimos. Em algumas situações presto trabalhos de voluntariado, onde contribuem com um certo estímulo monetário. Lado pessoal.
(@V) – Bom já falamos da vida pro ssional da Isabel. Agora gostaríamos de saber um pouco mais da sua vida pessoal. É casada?
(IEZ) – Estou solteira de momento, mas já estive na companhia de alguém durante oito anos. Por outras palavras, vivemos juntos durante esse tempo.
(@V) – Isabel é mãe?
(IEZ) – Fui mãe. Tive um filho, mas morreu em circunstâncias estranhas.
(@V) – Pode contar um pouco esse episódio triste da sua vida?
(IEZ) – É um assunto meio sensível para mim, não gostaria de tocar nele. O meu fi lho morreu já adulto, ele era jovem e guarda- redes de uma das equipas nacionais.
(@V) – Como é que ele se chamava?
(IEZ) – O meu fi lho chamava-se Nelinho mas era mais conhecido por Baía, por ser bom a resguardar a baliza. Jogou no Desportivo e no Costa do Sol.
(@V) – Depois da morte do seu lho o que mudou na sua vida?
(IEZ) – É difícil precisar. Mas a morte do meu filho mudou muita coisa na minha vida. Até porque vivíamos juntos. (@V) – Como a Isabel é em casa?
(IEZ)- Uma senhora simples e igual as outras. Costumo fazer as tarefas de casa, pilo amendoim, matapa, trituro milho para fazer “xima”, etc.
(@V) – Qual é seu prato preferido?
(IEZ) – Como quase tudo, não tenho preferências. Gosto de comer as comidas locais e às vezes comidas tipicamente estrangeira com é o caso de bife de peru.
(@V) – Gosta de dançar? Qual é sua música preferida?
(IEZ) – Gosto de dançar. Escuto todo o tipo de música, também não tenho preferências, depende da ocasião.
(@V) – O que faz nos tempos livres?
(IEZ) – Pratico ginástica, ciclismo e Ioga.
(@V) – O que é nunca esquece e sempre leva consigo quando sai de casa?
(IEZ) – O telemóvel.
(@V) – Se pudesse fazer algo para desenvolver o mundo da arte em Moçambique o que faria?
(IEZ) – Existe muita gente talentosa no nosso país, no tocante ao mundo das artes, contudo por falta de condições fi nanceiras não desenvolvem esse dom. Se tivesse possibilidade de ajudar esses artistas não mediria esforços.