O Iraque e os Estados Unidos anunciaram neste domingo que 12.000 soldados americanos voltarão para casa até o fim de setembro, no mesmo dia de um violento atentado suicida em Bagdá que deixou 28 mortos.
“Acordamos uma retirada de 12.000 soldados americanos daqui até o fim de setembro”, explicou o porta-voz do governo iraquiano, Ali al Dabbagh, numa entrevista coletiva ao lado do general David Perkins, porta-voz do exército americano no Iraque.
Além disso, lembrou Dabbagh, “4.000 soldados britânicos já terão deixado o Iraque em julho de 2009, conforme o acordo de segurança assinado entre o Reino Unido e o Iraque”.
Segundo o acordo de segurança assinado em novembro entre EUA e Iraque, as tropas americanas devem parar de patrulhar as cidades até o dia 30 de junho, retirando-se completamente do país até o fim de 2011. Apesar das preocupações levantadas pelo ataque, Dabbagh enfatizou que “o governo não tem a intenção de manter forças estrangeiras no país depois de 2011”.
“As forças armadas do Iraque estão em formação”, acrescentou o porta-voz iraquiano. “Até 2011, elas serão capazes de se sustentar sozinhas. Confiamos que o acordo de segurança será respeitado”. Perkins, por sua vez, explicou que as forças americanas serão reduzidas de 14 para 12 brigadas; duas brigadas de combate – a 4ª e a 82ª brigadas aerotransportadas – serão retiradas junto com os batalhões dos fuzileiros navais e suas equipes de apoio. Um esquadrão de caças F16 também deixará o Iraque.
“Não deixaremos nenhuma brecha no que diz respeito à segurança”, afirmou o general. “Sabemos como fazer isso. Não é a primeira vez que o fazemos”.
Há, atualmente, 140.000 militares americanos no Iraque, 20.000 a menos que os 160.000 que combatiam durante o auge do combate à Al Qaeda no país, em 2007. No dia 28 de fevereiro, o presidente americano Barack Obama anunciou que as tropas dos Estados Unidos concluiriam a sua retirada total do Iraque antes de 31 de agosto de 2010.
O processo, no entanto, deve ser mais lento do que o esperado, já que 50.000 dos 140.000 soldados americanos que estão no país devem permanecer até o fim de 2011 para missões de apoio. “A redução será possível graças ao aumento dos níveis de segurança e estabilidade alcançados pelo Iraque nos últimos 12 meses”, indicou um comunicado do exército americano.
O anúncio foi feito apenas algumas horas depois de um violento ataque suicida, no qual um terrorista em uma bicicleta se explodiu perto de uma enorme fila de recrutas e policiais que se formava em frente a uma academia da polícia, em Bagdá, matando 28 pessoas e ferindo 58.
“Um terrorista suicida detonou seu cinto de explosivos no meio de uma multidão, em frente à academia de polícia na rua Palestina, em Bagdá”, relatou à AFP uma fonte do ministério do Interior. Segundo fontes do Interior e da Defesa, a maioria das vítimas são policiais e recrutas que faziam fila em frente ao prédio da academia.
É o atentado mais violento registrado no Iraque em pouco menos de um mês. A polícia e o exército iraquianos são alvos preferenciais dos insurgentes e da Al Qaeda, que os consideram traidores por integrar as forças de segurança organizadas pelos Estados Unidos.
A rua Palestina, cenário de vários atentados sangrentos em 2006 e 2007, foi interditada à passagem de veículos durante um tempo por razões de segurança, mas o trânsito havia sido reaberto há cerca de seis meses. A entrada no prédio da academia de polícia só pode ser feita a pé. Qualquer pessoa que queira entrar deve ser revistada para mostrar que não carrega explosivos.
No dia 1 de dezembro, 15 pessoas morreram e 45 ficaram feridas no mesmo local, em um duplo atentado.
Hoje, a polícia iraquiana conta oficialmente com 560.000 membros, enquanto o exército tem 260.000 soldados.