Dois participantes da breve cerimónia de encerramento da Taça das Confederações em futebol realizada no relvado do Maracaná antes da final entre o Brasil x Espanha, neste domingo, exibiram uma faixa pedindo a anulação da privatização do estádio. Outro integrante da coreografia encenada no campo, em que os artistas estavam fantasiados como bolas de futebol, levantou uma bandeira contra a homofobia.
Os dois cartazes foram retirados rapidamente por pessoas que monitoravam a apresentação. Antes do apito inicial, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, foi vaiado ao aparecer no telão do estádio com as camisas de Brasil e Espanha. O dirigente já havia recebido uma grande vaia, ao lado da presidente Dilma Rousseff, no jogo de abertura do torneio, em Brasília.
Do lado de fora do estádio, houve confronto entre policias e manifestantes e, segundo a Polícia Militar, pelo menos dois policiais ficaram feridos, um deles atingido na perna por um coquetel molotov e o outro ferido na cabeça por uma pedrada. Ambos foram atendidos no Hospital de Campanha do Bombeiro, próximo ao Maracaná.
“Há pessoas promovendo desordem na região do Maracaná. A PM está agindo para que a PAZ seja restabelecida”, disse a PM no Twitter.
O policiamento foi reforçado do lado de fora do Maracaná para a final deste domingo, após uma série de confrontos entre manifestantes e a polícia no entorno de arenas em outros jogos da Taça das Confederações, inclusive no primeiro jogo da competição no Rio, entre Itália x México, no dia 16 de junho.
Um contingente de cerca de 10.000 homens ocupou o entorno do estádio, sendo 6.000 policiais militares e homens das polícias rodoviária e federal e da Força Nacional de Segurança.
Uma manifestação que começou pela manhã na capital fluminense, convocada pelo Comité Popular da Copa, reuniu milhares de pessoas que saíram em passeata rumo ao estádio. Os protestos no Brasil começaram como um movimento contra o aumento da tarifa de autocarros nas principais cidades, mas rapidamente alastraram-se para temas como o combate à corrupção e repúdio aos gastos do governo com a realização do Mundial de 2014.
Balanço apresentado pelo Ministério do Desporto este mês revelou que os gastos com a organização do Mundial chegaram em maio a 28,1 bilhões de reais, a maior parte de dinheiro público. O governo estimou em 2011 um orçamento de 33 bilhões de reais para o Mundial, mas várias obras já sofreram aumento de gastos.
O Maracaná, reformado ao custo de 1,2 bilhão de reais para o Campeonato do Mundo de 2014, passará para as mãos da iniciativa privada após o encerramento da Taça das Confederações. O processo foi contestado na Justiça pelo Ministério Público por prever, entre outras coisas, a demolição de um estádio de atletismo e de um parque aquático vizinhos ao estádio.