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Inhambane: Doentes obrigados a fazer limpeza no Centro de Saúde de Gotite

Residentes da localidade de Gotite, no posto administrativo de Macodoene, em Morrombene, província de Inhambane, queixam-se do mau atendimento, no centro de saúde local, protagonizado pelo pessoal de enfermagem em serviço naquela unidade sanitária, que inclui obrigar os doentes a fazer limpeza no hospital.

 

Num encontro com o governador de Inhambane, Agostinho Trinta, esta segunda-feira, a população local disse que um dos dois enfermeiros, ali em serviço, obriga-os a fazer limpeza do recinto hospitalar antes de receber qualquer tratamento médico, ainda que esteja a gemer de dores.

 

O enfermeiro, cujo nome não foi revelado na oportunidade, quando chega à conclusão de que o doente não está em condições de fazer o trabalho de limpeza no recinto hospitalar, incluindo a enfermaria, manda o seu acompanhante fazê-lo por aquele, enquanto o doente aguarda pelo fim da jornada para ser acompanhado à consulta.

Os residentes daquela localidade lamentaram igualmente as longas horas que os doentes ficam à espera de atendimento, contorcendo-se de dores, por exiguidade do pessoal de saúde, para um universo de pouco mais de 9600 habitantes.

“Senhor governador, estamos a passar mal no nosso hospital, para além de muito tempo de espera que passamos para receber tratamento, os enfermeiros mandam-nos fazer limpeza no recinto antes de tudo”, disse Verónica Alfiado, falando num comício popular.

Ela explicou que um dia foi obrigada a varrer o pátio do hospital, enquanto o seu filho ardia de febres.

“Não perdi o meu filho graças a Deus, porque enquanto gemia de dores no hospital, só foi atendido depois que eu acabei de fazer limpeza naquela unidade sanitária”, afirmou bastante ovacionada pelos presentes no comício.

Além do aumento do número de enfermeiros na unidade sanitária local, os residentes de Gotite pediram ao governador serviços de estomatologia, para evitarem percorrer longas distâncias, cerca de 60 quilómetros, para chegarem à sede do distrito para receberem tratamento médico.

Para Francisco Mapanzane, presidente da Associação Agrícola no Caminho da Vitória de Chicungussa, Gotite chora também pela expansão da energia eléctrica, pois a linha de transmissão deste importante recurso recentemente construída para o distrito de Funhalouro passa por aquela localidade, havendo por isso necessidade de colocação de um posto de transformação de energia eléctrica.

Todavia, o mau atendimento nos hospitais de Morrombene não se resume apenas à localidade de Gotite. Num encontro com os funcionários da vila sede do distrito, um professor falou de um enfermeiro do centro de saúde da sede que aos fins-de-semana, para além de se apresentar ao serviço sem bata branca, trata com desprezo os doentes.

O governador da província, que visitou algumas enfermarias recentemente reabilitadas no cento de saúde de Morrombene, apelou aos quadros daquela instituição para dispensar o melhor atendimento aos pacientes.

Agostinho Trinta disse, à sua saída daquela unidade sanitária, que não gostaria de ouvir mais queixas sobre mau atendimento aos doentes e que os casos levantados, quer pelos funcionários do Estado, quer pela população, terão tratamento devido e que os envolvidos serão responsabilizados.

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