O grupo indiano Tata Steel vai parar os seus investimentos na exploração de carvão em Moçambique e procura comprador para a sua participação na mina de Benga, no centro do país, disse um gestor da empresa.
“Não queremos gastar mais dinheiro neste projeto”, afirmou T.V. Narendran, diretor do grupo para a Índia e Sudeste Asiático, citado hoje na edição eletrónica do jornal económico indiano Live Mint.
A decisão de vender a participação de 35% na mina de Benga, província de Tete, segundo T.V. Narendran, já foi comunicada ao consórcio estatal indiano ICVL, que em meados de 2014 adquiriu o controlo da operação, anteriormente detido pelo grupo anglo-australiano Rio Tinto.
Em 2014, a Tata Steel foi obrigada a incluir nas suas contas imparidades de mais de 250 milhões de dólares, em resultado do negócio entre a ICVL e a Rio Tinto, que vendeu a sua participação na mina de Tete por cerca de 50 milhões de dólares depois de, em 2011, ter adquirido o capital da Riversdale por mais de três mil milhões.
O sector do carvão tem conhecido dificuldades relacionadas com a falta de infraestruturas para escoar o produto de Moçambique, o que, associado à queda da cotação internacional da matéria-prima, levou vários operadores a reequacionar os seus investimentos no país.
Na semana passada, um quadro da estatal Coal India (CIL) admitiu ao jornal indiano Economic Times que a sua empresa também se preparava para abandonar os seus dois projetos carboníferos em Moçambique.
A instabilidade no sector atingiu ainda a multinacional brasileira Vale, que iniciou, no final de 2014, negociações com a japonesa Mitsui para a cedência de 15% da sua posição nas minas de Moatize, em Tete. A Vale lidera um consórcio para a construção de uma linha férrea entre Moatize e o porto de Nacala, província de Nampula, para escoar o carvão a preços mais competitivos, mas a obra ainda não se encontra concluída.
O novo ministro dos Transportes e Comunicações moçambicano, Carlos Mesquita, assegurou na semana passada que o Governo está a criar todas as condições para exportar a matéria-prima do interior do país, sustentando que o país “não pode ser culpado por o preço mundial do carvão estar em queda”.